O traço falciforme é uma condição genética importante, mesmo sem causar anemia. Veja os principais riscos e complicações associados a essa condição.
O que é o traço falciforme?
O traço falciforme é uma condição de heterozigose para o gene da hemoglobina S.
Isso significa que a pessoa possui uma cópia do gene da anemia falciforme, mas não desenvolve a doença em sua forma completa.
Entretanto, quem tem o traço pode apresentar algumas complicações. No Brasil, a prevalência varia entre 2 a 8% da população.
Pacientes com traço falciforme têm anemia?
Pacientes não tem anemia e as hemácias não sofrem hemólise como os pacientes com anemia falciforme (homozigose).
É possível diagnosticar com eletroforese de hemoglobina e detectar presença de HbS (35 a 45%), mas com presença de HbA (diferente da anemia falciforme).
Traço falciforme e o risco de TEP
Pacientes com traço falciforme têm um risco aumentado de eventos tromboembólicos venosos, especialmente tromboembolismo pulmonar (TEP).
Um estudo prospectivo americano indicou que o risco de TEP é duas vezes maior nesses pacientes, embora não haja aumento no risco de trombose venosa profunda (TVP).
Maior risco de rabdomiólise em pacientes com traço falciforme
Estudos realizados no exército americano identificaram um risco 54% maior de rabdomiólise após exercícios físicos em pacientes com traço falciforme.
Essa condição é caracterizada pela quebra rápida do tecido muscular, liberando produtos que podem ser prejudiciais aos rins.
Além disso, a rabdomiólise tem maior relação com:
- obesidade;
- tabagismo;
- uso de antipsicóticos;
- estatinas.
Traço falciforme e complicações renais
Portadores do traço falciforme podem apresentar uma série de complicações renais, tais como:
- hipostenúria (incapacidade de concentrar a urina);
- albuminúria;
- progressão para doença renal crônica;
- hematúria por necrose de papila;
- em casos mais graves, carcinoma medular renal.
Essas condições indicam a importância de um acompanhamento médico contínuo para monitoramento e prevenção de complicações.
Referências
- Zago MA. Anemia falciforme e doença falciforme. In: Ministério da Saúde. Manual de doenças mais importantes, por razões étnicas, na população afro-descendente. Brasília: Secretaria de Políticas de Saúde; 2001.
- Folsom, A R et al. “Prospective study of sickle cell trait and venous thromboembolism incidence.” Journal of thrombosis and haemostasis : JTH vol. 13,1 (2015): 2-9. doi:10.1111/jth.12787
- Nelson, D Alan et al. “Sickle Cell Trait, Rhabdomyolysis, and Mortality among U.S. Army Soldiers.” The New England journal of medicine vol. 375,5 (2016): 435-42. doi:10.1056/NEJMoa1516257
- Naik, Rakhi P et al. “Association of sickle cell trait with chronic kidney disease and albuminuria in African Americans.” JAMA vol. 312,20 (2014): 2115-25. doi:10.1001/jama.2014.15063