Canabinoides sintéticos são substâncias não naturais, com efeitos neuropsiquiátricos graves. Conheça seus riscos e o manejo clínico adequado.
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Obter descontos!O que são canabinoides sintéticos?
Os compostos canabinoides sintéticos não são encontrados na natureza.
Os primeiros registros de uso na Europa datam de 2004, enquanto nos Estados Unidos surgiram em 2008.
Classificados como "novas substâncias psicoativas", são considerados pelo Drug Enforcement Administration (DEA) como substâncias controladas de classe I, tornando sua posse, venda e/ou consumo ilegais.
Nomes populares:
- K2 (o mais conhecido no Brasil)
- K9
- Crazy Monkey
- Spice Gold / Spice Diamond
Quais são os efeitos farmacológicos?
A maioria dos efeitos fisiológicos é semelhante aos dos canabinoides naturais:
- taquicardia,
- olho vermelho,
- apetite aumentado,
- nistagmo,
- ataxia.
A principal diferença está na toxicidade aumentada para eventos neuropsiquiátricos graves.
Esses compostos atuam no mesmo receptor que o THC, mas com uma potência de 2 a 800 vezes maior, dependendo da substância.
São metabolizados pelo fígado e excretados pelos rins.
Quais são as manifestações clínicas dos canabinoides sintéticos?
As manifestações clínicas mais comuns associadas ao uso de canabinoides sintéticos incluem:
Neuropsiquiátricas (66%) | Agitação grave, psicose e coma/convulsões |
Cardiovasculares (17%) | Taquicardia/bradicardia e dor torácica |
Renal/muscular (10%) | Rabdomiólise e lesão renal aguda |
Respiratórias (5%) | Depressão ou parada respiratória |
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico de intoxicação por canabinoides sintéticos envolve uma história clínica detalhada, incluindo questionamentos específicos sobre o uso de substâncias como K2, K9 e Spice.
É importante notar que testes toxicológicos comuns, como o exame de urina, não detectam esses compostos, pois são diferentes do THC.
Quais são as abordagens de manejo clínico?
O manejo clínico de pacientes intoxicados com canabinoides sintéticos pode envolver:
- Agitação/psicose grave: Controle com benzodiazepínicos e antipsicóticos, preferencialmente por via intramuscular.
- Hipertermia: Tratar com benzodiazepínicos intravenosos, uma vez que antitérmicos comuns não são eficazes.
- Convulsões: Iniciar tratamento com benzodiazepínicos; se necessário, considerar fenobarbital como segunda opção.
- Bradicardia/Taquicardia: Manejo conforme protocolos ACLS, com possível uso de benzodiazepínicos.
- Dor torácica: Considerar síndrome coronariana aguda (SCA) e outros diagnósticos diferenciais.
- Lesão renal aguda/Rabdomiólise: Hidratação e manejo de distúrbios eletrolíticos.
- Depressão/parada respiratória: Aplicar naloxona se houver suspeita de intoxicação por opioide.
- Coagulopatia e adulteração com rodenticida: Casos raros, mas identificados.
Referências
- CRULLI, Benjamin et al. Novel psychoactive substances-related presentations to the emergency departments of the European drug emergencies network plus (Euro-DEN plus) over the six-year period 2014–2019. Clinical toxicology, v. 60, n. 12, p. 1318-1327, 2022.
- DE OLIVEIRA, Mariana Campello et al. Toxicity of Synthetic Cannabinoids in K2/Spice: A Systematic Review. Brain Sciences, v. 13, n. 7, p. 990, 2023.
- WANG, George Sam. Synthetic cannabinoids: acute intoxication. UpToDate, Waltham, MA. 2023.
- RIEDERER, Anne M. et al. Acute poisonings from synthetic cannabinoids—50 US toxicology investigators consortium registry sites, 2010–2015. MMWR. Morbidity and mortality weekly report, v. 65, n. 27, p. 692, 2016.