Como diagnosticar infecção por Clostridioides difficile?

Como diagnosticar infecção por Clostridioides difficile?
21/10/2024
5 min

Infecção por Clostridioides difficile causa diarreia e outros sintomas graves, especialmente após uso de antibióticos. Veja como identificar e diagnosticar a doença.


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O que é Clostridioides difficile?

C. difficile é uma bactéria Gram-positiva, anaeróbica, que sobrevive fora do intestino em forma de esporos altamente resistente ao meio.

Causa colite pseudomembranosa levando a diarreia mediada por toxinas (A e B).

Apenas as cepas que produzem essas toxinas são patogênicas.

Quando suspeitar?

Em pacientes com diarreia aquosa com 3 ou mais episódios por dia e sem outra explicação óbvia.

Outros sintomas incluem:

  • dor abdominal,
  • febre,
  • náuseas e vômitos,
  • fraqueza e
  • perda de apetite.

Um contexto importante é o uso de antibióticos que é o principal fator de risco por causa disbiose da flora intestinal. 

Praticamente todos os antibióticos aumentam esse risco, mas os mais associados são:

  • clindamicina,
  • quinolonas,
  • cefalosporinas e
  • penicilinas.

A maioria das infecções ocorre em até 2 semanas após o uso de antibiótios, porém o risco segue aumentado até 3 meses depois. 

Outros fatores de risco

  • Idade: pacientes acima de 65 tem risco até 10 vezes maior
  • Uso de quimioterápicos
  • Internação recente ou prolongada
  • Transplante de orgão sólido ou medula óssea
  • Uso de inibidor de bomba de prótons

Como investigar?

  • Imunoensaio para antígeno glutamato desidrogenase (GDH): Detecta a enzima produzida por todas as cepas de C. difficile. Altamente sens[ivel, mas não diferencia entre cepas patogênicas ou não.
  • Imunoensaio para toxinas A e B: Detecta a presença de toxinas, sendo altamente específico e capaz de distinguir entre colonização e infecções ativas.
  • Reação em cadeia da polimerase (PCR): Detecta genes das cepas toxigênicas, porém também é positivo em carreadores assintomáticos. Portanto, incapaz de diferenciar colonização de infecção. Pouco disponível.

Atenção! O uso dos testes em pacientes sem suspeita clínica pode levar à indentificação de colonização de bactérias não patogênicas e erro do diagnóstico. 

Testes para C. difficile

Teste Sensibilidade Especificidade Distingue colonização de infecção?
GDH 94-96% 90-96% Não
Toxinas A e B 57-83% 99% Sim
PCR 95-96% 94-98% Não

Pontos importantes

  • Apenas realizar testes em pacientes sintomáticos para evitar resultado positivos em colonizações.
  • Algumas referências indicam o GDH como teste único inicial devido sua alta sensibilidade.
  • Não repetir testes no mesmo episódio diarreico se a infecção já foi descartada.

Conclusão

O diagnóstico da infecção por C. difficile requer uma abordagem cuidadosa com base nos sintomas e nos resultados de testes específicos.

Utilizar múltiplos testes em conjunto, como GDH e toxinas A e B, é a melhor estratégia para um diagnóstico preciso.

Referências

  1. ACG Clinical Guidelines: Prevention, Diagnosis, and Treatment of Clostridioides difficile Infections 2021.
  2. Clostridium difficile infection: review. European Journal of Clinical Microbiology & Infectious Diseases; 2019; 38(7): 1211–1221.
  3. Hensgens MP, Goorhuis A, Dekkers OM, Kuijper EJ. Time interval of increased risk for Clostridium difficile infection after exposure to antibiotics. J Antimicrob Chemother. 2012 Mar;67(3):742-8. doi: 10.1093/jac/dkr508.
  4. Krishna Rao, etl al. Diagnosis and Treatment of Clostridioides (Clostridium) difficile Infection in Adults in 2020. JAMA
  5. Daniel A. Leffler, and J. Thomas Lamont. Clostridium difficile Infection. N Engl J Med 2015; 372:1539-1548 DOI: 10.1056/NEJMra1403772
  6. J Thomas Lamont, et al. Clostridioides difficile infection in adults: Epidemiology, microbiology, and pathophysiology. UpToDate 2022
  7. J Thomas Lamont, et al. Clostridioides difficile infection in adults: Clinical manifestations and diagnosis. UpToDate 2022
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