Dapagliflozina no Infarto: Vale a Pena?

Dapagliflozina no Infarto: Vale a Pena?
Letícia Dal Moro Angoleri
27/08/2024
5 min

O estudo DAPA-MI investigou os efeitos da dapagliflozina em pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM). Embora os benefícios cardiometabólicos sejam claros, os resultados cardiovasculares foram limitados, sugerindo necessidade de estudos maiores.


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O que sabemos?

A dapagliflozina já demonstrou benefícios comprovadoss em dois cenários importantes: insuficiência cardíaca e diabetes mellitus.

E no IAM, será que podemos esperar resultados semelhantes?

O Estudo DAPA-MI

O estudo DAPA-MI foi desenhado como um ensaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, que incluiu:

Adultos hospitalizados com síndrome coronariana aguda, com ou sem supra de ST, e evidência de disfunção ventricular esquerda

Pacientes com diabetes mellitus, insuficiência cardíaca prévia ou outra indicação para o uso de inibidores de SGLT2 foram excluídos da pesquisa, permitindo assim uma análise mais focada em uma população específica.

Intervenção e Desfecho Primário

Os pacientes foram randomizados para receber dapagliflozina 10 mg ao dia ou placebo, sendo seguidos por aproximadamente 12 meses.

O desfecho primário do estudo incluiu:

  • mortalidade;
  • hospitalização por insuficiência cardíaca;
  • IAM não fatal;
  • fibrilação atrial ou flutter;
  • diagnóstico novo de diabetes tipo 2;
  • além de redução de peso de 5% ou mais desde o início do estudo.

Resultados: Impacto da Dapagliflozina

O estudo envolveu 4.098 pacientes randomizados, seguidos por um tempo médio de 11,6 meses.

Os resultados mostraram que o desfecho primário favoreceu o grupo que recebeu dapagliflozina.

Além disso, mesmo excluindo a variável de redução de peso, o desfecho secundário foi estatisticamente significativo.

Resultados

Apesar dos resultados promissores, a análise dos desfechos cardiovasculares isolados, como hospitalização por insuficiência cardíaca ou morte por causa cardiovascular, não mostrou diferença estatisticamente significativa entre os grupos.

Dessa forma, os benefícios da dapagliflozina parecem estar restritos aos componentes cardiometabólicos, sem impacto expressivo nos desfechos cardiovasculares.

Considerações Finais: O Papel da População do Estudo

Os autores do estudo sugerem que a população analisada, composta por pacientes sem diabetes tipo 2 e sem insuficiência cardíaca prévia, pode ser de menor risco para eventos cardiovasculares significativos.

Portanto, para que benefícios cardiovasculares clinicamente relevantes sejam observados, seria necessária uma amostra maior, talvez envolvendo cerca de 20 mil pacientes.

Referências

  1. James, Stefan et al. “Dapagliflozin in Myocardial Infarction without Diabetes or Heart Failure.” NEJM evidence vol. 3,2 (2024): EVIDoa2300286. doi:10.1056/EVIDoa2300286
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