A dapagliflozina é um medicamento utilizado para o controle do diabetes tipo 2 (DM2), além de trazer benefícios cardiovasculares e renais. Entenda seu mecanismo de ação e cuidados.
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A Dapagliflozina é um medicamento da classe dos inibidores do co-transportador de sódio-glicose tipo 2 (SGLT-2), localizado nos túbulos renais proximais.
Tal inibição promove a redução de reabsorção de glicose e sódio, aumentando a excreção urinária de ambos e levando à redução da glicemia e aumento da diurese.
Consequentemente, esse efeito está ligado à redução do peso e discreta redução da pressão arterial.
Indicações
- Controle glicêmico no DM2: melhora os níveis de glicose no sangue, ajudando a manter a hemoglobina glicada dentro de parâmetros recomendados.
- Benefício cardiovascular: reduzindo a mortalidade em pacientes com insuficiência cardíaca e fração de ejeção reduzida (ICFEr).
- Proteção renal: melhora a função renal e oferece benefícios cardiovasculares em pacientes com doença renal crônica (DRC).
Apresentações e posologia
Apresentação: comprimidos de 5 e 10 mg. Ou em combinação com a Metformina (10 + 500 mg)
No tratamento do DM2 pode ser usada como monoterapia, adjuvante a dieta e atividade física, ou em combinação com outros antidiabéticos como metformina, insulina e inibidores da DPP4
Cuidados e contraindicações
- Não é recomendada para pacientes com diabetes tipo 1.
- Contraindicada para controle glicêmico quando a taxa de filtração glomerular (TFG) < 45.
- Risco de causar cetoacidose euglicêmica.
- Não indicada para pacientes com doença renal policística.
- Pode haver risco de hipotensão sintomática nos primeiros dias de uso.
Quais são os principais estudos sobre a Dapagliflozina?
Diversos estudos clínicos de grande relevância comprovaram os benefícios da dapagliflozina em diferentes cenários clínicos. Entre os mais notáveis, destacam-se:
Estudo DECLARE-TIMI 58 (NEJM, 2018)
O DECLARE-TIMI 58 foi um ensaio clínico randomizado com pacientes diabéticos tipo 2 (DM2), idade superior a 40 anos e fatores de risco cardiovascular. Nesse estudo, a dapagliflozina, administrada na dose de 10 mg/dia, foi comparada ao placebo, e os resultados indicaram uma redução significativa na combinação de morte cardiovascular e hospitalizações por insuficiência cardíaca (IC).
Estudo DAPA-HF (NEJM, 2019)
O DAPA-HF envolveu 4.744 pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER), incluindo tanto diabéticos quanto não diabéticos. A dapagliflozina reduziu em 26% o risco de morte cardiovascular e hospitalizações por insuficiência cardíaca, demonstrando ser eficaz em uma população mais ampla.
Estudo DAPA-CKD (NEJM, 2020)
O DAPA-CKD foi um estudo multicêntrico com 4.304 pacientes com doença renal crônica (DRC), com e sem diabetes. A dapagliflozina reduziu a progressão da DRC em 39% e trouxe benefícios tanto para pacientes com diabetes quanto para os sem a doença. A medicação foi especialmente eficaz em prevenir o declínio da taxa de filtração glomerular (TFG), fator crítico para a saúde renal.
Para saber mais
Para se aprofundar no tema, leia novo artigo sobre o uso da dapagliflozina no infarto e o post no Instagram sobre Indicações e Principais estudos.
Referências
- Wiviott SD, Raz I, Bonaca MP, et al. Dapagliflozin and Cardiovascular Outcomes in Type 2 Diabetes. N Engl J Med. 2019;380(4):347-357. doi:10.1056/NEJMoa1812389
- McMurray JJV, Solomon SD, Inzucchi SE, et al. Dapagliflozin in patients with heart failure and reduced ejection fraction. N Engl J Med. DOI: 10.1056/NEJMoa1911303.
- Heerspink HJL, Stefánsson BV, Correa-Rotter R, et al. Dapagliflozin in Patients with Chronic Kidney Disease. N Engl J Med. 2020;383(15):1436-1446. doi:10.1056/NEJMoa2024816