Homem de 41 anos, sem comorbidades relevantes, apresenta dor torácica ventilatório-dependente com início súbito há dois dias, associada a dispneia aos mínimos esforços. O paciente retornou recentemente de uma viagem ao Japão, com início dos sintomas logo após a chegada ao Brasil. Ao exame físico, apresentou-se em bom estado geral, com sinais vitais relevantes: FC 105 bpm, SatO2 92% em ar ambiente, PA 140/80 mmHg, FR 22 rpm, Tax 36,5°C. A ausculta pulmonar revelou estertores crepitantes em hemitórax direito.
Investigação laboratorial e de imagem
Os exames laboratoriais indicaram leucocitose com desvio à esquerda (15.700 leucócitos, com 8% de bastões), hemoglobina de 15,8 g/dL, hematócrito de 47,4%, e troponina levemente elevada (68 ng/L, VR < 60). A gasometria arterial mostrou PaO2 de 56 mmHg em ar ambiente, enquanto o BNP estava em 450 pg/mL.
A tomografia de tórax revelou o sinal do halo invertido, caracterizado por uma área arredondada de vidro fosco circundada por um anel de consolidação.
Significado clínico do sinal do halo invertido
O sinal do halo invertido (SHI) é um achado radiológico que pode estar associado a diversas etiologias infecciosas e não infecciosas.
Entre as causas não infecciosas, destaca-se o infarto pulmonar, especialmente relevante em casos de tromboembolismo pulmonar (TEP).
A presença deste sinal, em conjunto com a ausência de imunossupressão e o contexto de viagem recente, aumenta a suspeita de TEP.
Características específicas para diferenciação diagnóstica
Duas características específicas do sinal do halo invertido ajudam a estreitar os diagnósticos diferenciais:
- Sinal do Halo Invertido Nodular: Associado a doenças granulomatosas em atividade, como tuberculose ou sarcoidose. Também pode ser observado em casos de paracoccidioidomicose.
- Sinal do Halo invertido Reticular: Indica infarto pulmonar em pacientes imunocompetentes, ou infecção fúngica invasiva em imunossuprimidos.
Considerações diagnósticas
Com base nos achados clínicos e radiológicos, o diagnóstico mais provável é de infarto pulmonar secundário a TEP. A rápida identificação e tratamento deste quadro são essenciais para a melhoria do prognóstico do paciente.