Manejo inicial da crise álgica no falciforme

Manejo inicial da crise álgica no falciforme
23/09/2024
6 min

A crise álgica no falciforme requer manejo rápido. Este artigo aborda avaliação da dor, tratamento com morfina e terapias adjuvantes para alívio eficaz.


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Como avaliar a dor na crise falciforme?

A avaliação da dor é subjetiva, sendo o relato do paciente o padrão ouro.

Não há exames laboratoriais ou achados clínicos que confirmem a dor.

É crucial confiar no que o paciente expressa, evitando atitudes negativas que possam prejudicar o tratamento.

Qual é o racional do tratamento?

O principal objetivo do manejo da crise álgica no falciforme é proporcionar alívio completo e rápido da dor.

A morfina endovenosa é o analgésico de escolha devido à sua eficácia e deve ser administrada em até 30 minutos da triagem.

Dose inicial: Morfina EV 0,10 a 0,15 mg/kg
(máx. 10 mg)

Reavaliações frequentes a cada 30 minutos garantem o controle adequado da dor. Caso a dor persista, realizar 20-50% da dose inicial.

Exemplo: dose inicial de 8 mg, prescrever 1,6 a 4 mg caso dor persista após 30 minutos. 

A hidratação é necessária na crise álgica?

Sim. Pacientes falciformes frequentemente apresentam desidratação.

Isso pode ocorrer tanto por conta da dor aguda quanto pela hipostenúria, uma dificuldade crônica em concentrar a urina.

É essencial estimular a ingesta oral e avaliar a necessidade de hidratação endovenosa, com fluidos hipo ou isotônicos para manter a euvolemia.

Quais são as terapias adjuvantes recomendadas?

Além dos opioides, o uso de dipirona é recomendado, auxiliando no controle da dor.

Compressas mornas podem ser usadas, mas compressas geladas devem ser evitadas.

Anti-histamínicos, embora sem evidência clara, são utilizados para controlar o prurido, efeito colateral comum dos opioides.

Quais terapias evitar?

É importante evitar o uso rotineiro de anti-inflamatórios não esteroidais devido aos seus efeitos colaterais.

Esses medicamentos podem superestimar a filtração glomerular, representando riscos aos pacientes falciformes.

A hiperóxia também é deletéria. A meta da oxigênioterapia é manter a saturação basal de 92-95%.

Pontos principais no manejo da crise álgica

  • O paciente é quem determina a intensidade da dor.
  • A dose inicial de morfina deve ser de 0,10 a 0,15 mg/kg.
  • Hidratação adequada visa manter a euvolemia.
  • Reavaliações frequentes são essenciais para o controle eficaz da dor.

Para saber mais

Ouça nosso episódio onde discutimos o manejo no PS da crise álgica aguda:

Referências

  1. Michael R DeBaun. Acute vaso-occlusive pain management in sickle cell disease. UpToDate 2022
  2. Elliott P Vichinsky. Evaluation of acute pain in sickle cell disease. UpToDate 2022
  3. American Society of Hematology 2020 guidelines for sickle cell disease: management of acute and chronic pain. doi.org/10.1182/bloodadvances.2020001851
  4. Darbari DS, Ballas SK, Clauw DJ. Thinking beyond sickling to better understand pain in sickle cell disease. Eur J Haematol. 2014;93(2):89-95.
  5. P Goddu A, O'Conor KJ, Lanzkron S, et al. Do Words Matter? Stigmatizing Language and the Transmission of Bias in the Medical Record. J Gen Intern Med 2018; 33:685.
  6. Labbé E, Herbert D, Haynes J. Physicians' attitude and practices in sickle cell disease pain management. J Palliat Care 2005; 21:246.
  7. Zempsky WT. Evaluation and Treatment of Sickle Cell Pain in the Emergency Department: Paths to a Better Future. Clin Pediatr Emerg Med 2010; 11:265.
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