Meu paciente teve trombose: quando investigar trombofilia?

Meu paciente teve trombose: quando investigar trombofilia?
14/10/2024
5 min

Após uma trombose, investigar trombofilia nem sempre é necessário. Entenda os critérios para avaliar se exames são indicados e como a história familiar é importante.


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O que é trombofilia e quando investigar?

Trombofilia é uma condição que predispõe o paciente a desenvolver eventos trombóticos, poodendo ser hereditária ou adquirida.

Entre as causas adquiridas estão o trauma, imobilização e neoplasia.

Já as causas hereditárias incluem mutações como a do gene da protrombina e o Fator V Leiden.

TEV provocado e não provocado

TEV provocado

Cirurgia, trauma ou imobilização.

Tem baixo risco de recorrência e geralmente não necessita de investigação adicional

TEV não provocado Apresenta um risco cumulativo de recorrência de 40% em 5 anos, exigindo que a investigação seja individualizada

Todos os pacientes com trombose devem investigar trombofilia?

Via de regra, não.

A maioria dos pacientes que têm tromboembolismo venoso (TEV) não necessita de testes para trombofilia.

Estudos não mostram diferença significativa nas taxas de recorrência de TEV entre quem realiza os exames de trombofilia e quem não realiza.

Quando investigar?

A investigação deve ser considerada em casos específicos, como:

  • Pacientes que tiveram trombose antes dos 50 anos.
  • Histórico de eventos trombóticos recorrentes.
  • História familiar de trombofilia.
  • Trombose em locais incomuns, como trombose venosa central (TVC) ou trombose esplâncnica.
  • Trombose associada a eventos desencadeantes fracos, como cirurgias menores ou viagens curtas.

A pesquisa de trombofilia altera a conduta?

Testes positivos para trombofilia hereditária não aumentam o risco de recorrência de TEV, assim como resultados negativos não o excluem.

As decisões clínicas não devem ser baseadas apenas nesses resultados, já que os testes atuais são limitados para prever o risco hereditário.

Como avaliar o risco de recorrência de TEV?

Para avaliar o risco de recorrência após um primeiro episódio de TEV não provocado, pode-se utilizar o DASH score:

  • D: D-dímero elevado* (+2)
  • A: Idade acima de 50 anos (+1)
  • S: Sexo masculino (+1)
  • H: Uso de hormonioterapia (-2)

Se o escore for baixo (< 2), pode-se considerar a interrupção da anticoagulação após 3 a 6 meses.

*Medição feita após 3-5 semanas da interrrupção da anticoagulação.

Conclusão

A investigação de trombofilia não deve ser feita de forma rotineira após um evento de trombose. Invista em uma anamnese detalhada e na avaliação da história familiar para tomar as melhores decisões clínicas.

Referências

  1. Coppens M, Reijnders JH, Middeldorp S, Doggen CJ, Rosendaal FR. Testing for inherited thrombophilia does not reduce the recurrence of venous thrombosis. J Thromb Haemost 2008;6:1474-1477
  2. Tosetto A, Iorio A, Marcucci M, Baglin T, Cushman M, Eichinger S, Palareti G, Poli D, Tait RC, Douketis J. Predicting disease recurrence in patients with previous unprovoked venous thromboembolism: a proposed prediction score (DASH). J Thromb Haemost. 2012 Jun;10(6):1019-25. doi: 10.1111/j.1538-7836.2012.04735.x. PMID: 22489957.
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