O tramadol é um analgésico com efeitos pouco previsíveis, eficaz para dor neuropática, mas com risco de dependência e interações medicamentosas que precisam de atenção.
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O tramadol possui uma conversão para o metabólito ativo que é particular para cada pessoa, o que torna seu efeito analgésico pouco previsível.
Além de ser um opioide, atua como inibidor da recaptação de serotonina e noradrenalina, o que contribui para efeitos variados entre os pacientes.
Essa característica pode resultar em respostas analgésicas diferentes, dificultando a padronização de seu uso.
É eficaz para dor neuropática?
Sim, o tramadol tem eficácia comprovada para dor neuropática.
O Número Necessário para Tratar (NNT) é 3,8, conforme uma metanálise da Cochrane, indicando sua capacidade de aliviar a dor em comparação ao placebo.
A inibição da recaptação dual de serotonina e noradrenalina parece ter papel fundamental nesse mecanismo.
Por outro lado, há também uma preocupação com os efeitos adversos. O Número Necessário para Prejudicar (NNH) é de 7,7, indicando uma incidência significativa de suspensão da medicação devido a esses efeitos.
Está associado a dependência?
Estudos observacionais indicam que o risco de uso crônio de opioides talvez seja maior com tramadol do que com opioides fortes de ação imediata.
Em alguns países do Oriente Médio, é a principal droga de abuso. Nesses locais, é mais comum a hiperexpressão da CYP responsável pela conversão de tramadol em seu metabólito ativo.
Quais são as interações medicamentosas importantes?
O tramadol apresenta interações importantes com outras medicações:
- Ondansetrona: Reduz a eficácia analgésica.
- Varfarina: Aumenta o efeito anticoagulante.
- Antipsicóticos: Reduzem o limiar convulsivo.
- Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina e antidepressivos tricíclicos: Podem diminuir o limiar convulsivo e aumentar o risco de síndrome serotoninérgica.
A controvérsia sobre o tramadol
Apesar de sua ampla prescrição, especialistas levantam questionamentos sobre o uso do tramadol, principalmente devido ao seu efeito analgésico imprevisível e às interações medicamentosas.
A proposta de alguns é substituir o tramadol por anti-inflamatórios não esteroides (AINES) ou opioides fortes em doses menores, ou ainda associá-lo a antidepressivos duais para melhor controle da dor.