Anticonvulsivantes
Os anticonvulsivantes são medicamentos utilizados para controlar crises em epilepsia e também são conhecidos como fármacos anticrise (FAC). Nesta revisão, serão abordados os principais aspectos dos FAC mais utilizados e disponíveis no Brasil para o tratamento de crises epilépticas e epilepsias em adultos.
Conceitos básicos
Para entender como utilizar os FAC, é importante conhecer os seguintes conceitos [1, 2]:
- Crise epiléptica: ocorrência de sinais e sintomas transitórios decorrentes de uma hiperativação síncrona cerebral.
- Crise epiléptica provocada/Crise epiléptica sintomática aguda: crise desencadeada por um insulto temporário/reversível que tenha reduzido o limiar convulsivo, como abstinência alcóolica, febre e concussão cerebral. Crise provocada e crise sintomática aguda são consideradas sinônimos.
- Crise epiléptica não provocada: crise fora de contexto de insultos que tenham reduzido o limiar convulsivo.
- Crise epiléptica reflexa: crise desencadeada por um estímulo sensorial específico (ex: estímulo luminoso) ou processo cognitivo interno.
A ocorrência de uma crise levanta a suspeita se o paciente tem epilepsia. Epilepsia é caracterizada pela predisposição persistente de apresentar crises. Estimar a probabilidade de novas crises é central no diagnóstico. Grandes estudos encontraram que o risco de recorrência após uma crise não provocada única é de 40% a 52%. Existem 4 fatores associados a um risco elevado (> 60%) de recorrência:
- Outra crise não provocada após 24 horas da primeira crise
- Crise durante o sono
- Eletroencefalograma alterado
- Neuroimagem alterada
Assim, epilepsia pode ser definida clinicamente conforme a tabela 1.
As epilepsias podem ter causas estruturais (quando existe uma anormalidade perceptível na neuroimagem), genéticas (ex.: mutações em canais iônicos), infecciosas, metabólicas, autoimunes e idiopáticas.
As definições apresentadas precisam de esclarecimentos:
- Embora o diagnóstico de epilepsia necessite de uma crise não provocada, pacientes com epilepsia também podem ter crises provocadas. Na verdade, pacientes com epilepsia têm maior chance de uma crise provocada, já que tem predisposição persistente a crises e um estímulo sutil pode ser suficiente. Em pessoas sem epilepsia, o fator provocativo deve ser mais intenso.
- Sempre existe alguma imprecisão em definir uma crise como não provocada, já que nunca há certeza absoluta da ausência de um fator provocativo.
- Crises reflexas, apesar de a rigor serem provocadas, mostram uma tendência de gerar crises repetidas de maneira anormal. Assim, tem significado clínico similar a de uma crise não provocada.
- Um fator transitório em um cérebro normal causando uma crise epiléptica não sugere o diagnóstico de epilepsia. Contudo, deve-se ter cuidado para não confundir fator provocativo com etiologia, especialmente em doenças que provocam uma tendência de crises recorrentes. Por exemplo, se um paciente tem uma crise e a neuroimagem mostra um tumor cortical, é mais provável que a interpretação mais coerente seja de uma epilepsia secundária à neoplasia, e não a de uma crise provocada pelo tumor.
Esses conceitos são importantes para definir quem precisa de um FAC.
Sabendo definir o que é crise e seus precipitantes, é necessário separar as crises em focais ou generalizadas. Essa divisão tem influência na escolha de qual fármaco deve ser prescrito.
- Crise de início focal: início de atividade epiléptica em apenas um hemisfério cerebral. Tipo de crise mais comum do adulto. Podem ser subdivididas em perceptivas, quando a percepção do evento é mantida, e disperceptivas.
- Crise de início generalizado: início de atividade epiléptica simultaneamente em ambos os hemisférios cerebrais.
A distinção de focal e generalizada é um julgamento que envolve a semiologia da crise, eletroencefalograma e outros exames, como a neuroimagem. As crises são classificadas em relação à maneira que elas iniciam. Quando não existem informações suficientes para uma análise segura, a crise pode ser classificada como de início desconhecido.
Exemplos práticos:
1. Um paciente sem insultos agudos com dois episódios típicos de crise epiléptica separados por mais de 24 horas.
Tipo de crise: não provocada. Tem epilepsia? Sim.
2. Um paciente com hiponatremia aguda apresenta 3 crises epilépticas.
Tipo de crise: provocada. Tem epilepsia? Não.
3. Um paciente com AVC há 5 anos apresenta crise epiléptica. Sem insultos agudos identificados.
Tipo de crise: não provocada. Tem epilepsia? Sim.
Para mais detalhes sobre abordagem do primeiro episódio convulsivo, veja o episódio 98: abordagem à primeira crise.
Mecanismos de ação
Os fármacos anticrise (FAC) suprimem a hiperatividade nos circuitos cerebrais, protegendo contra crises. Conhecer os mecanismos de ação é útil especialmente em casos refratários, em que é necessário uma combinação de fármacos com mecanismos diferentes. Abaixo estão os principais mecanismos de ação e seus representantes.
- Bloqueio de canais de Na+: atuam prolongando a inativação do canal e impedindo a propagação das correntes epileptogênicas. Os principais representantes são a fenitoína (hidantal®), carbamazepina, lamotrigina e lacosamida.
- Aumento da atividade inibitória do ácido beta gama aminobutírico (GABA): atuam alostericamente no receptor GABAa aumentando a condutância dos canais de cloreto. Isso aumenta a capacidade do GABA de realizar sua função inibitória. Fenobarbital (gardenal®) e benzodiazepínicos são os principais representantes da classe.
- Ligantes da SV2A: Essa proteína é encontrada em vesículas secretórias de neurônios e é o principal alvo molecular do levetiracetam (keppra®). O mecanismo proposto é de diminuir o reestabelecimento de vesículas sinápticas durante a hiperativação.
- Gabapentinoides: atuam como ligantes de uma subunidade dos canais de cálcio voltagem dependentes. Os principais representantes são a pregabalina e a gabapentina. São conhecidos também por seu papel no controle da dor neuropática (veja mais em "Gabapentinoides, Dor Neuropática e Eventos Adversos").
- Mecanismos múltiplos: alguns medicamentos não possuem mecanismo de ação bem definido. Pode existir mais de um sítio de ação que justifique seu efeito anticrises, como bloqueio de canais de cálcio, potássio e bloqueio de receptor AMPA de glutamato. Exemplos dessa categoria são o valproato e o topiramato.
Quando prescrever?
Devemos prescrever FAC contínuos quando o paciente se encaixar nas seguintes situações:
- Preencher a definição de epilepsia.
- Em contextos agudos, como abortivo para crise e na profilaxia secundária de crises provocadas. Exemplos dessa categoria são crises causadas por trauma crânio encefálico (TCE), trombose venosa cerebral (TVC), hemorragia subaracnóide (HSA) ou encefalites. Nesses casos, a prescrição do FAC pode ser mantida enquanto durar o fator de risco apresentado pelo paciente e a desprescrição deve ser reavaliada ambulatorialmente ou durante a internação em casos de insultos tóxico-metabólicos resolvidos.
Na maioria dos cenários, não há recomendação de prescrição profilática de FAC antes de uma crise ocorrer (profilaxia primária). Essa conduta está associada com piores desfechos cognitivos a longo prazo. Uma exceção é a profilaxia primária de crises precoces (nos primeiros 7 dias) após um trauma cranioencefálico grave. Tal indicação ainda possui baixo nível de evidência por diretrizes (IIA) e visa diminuir complicações como status epilepticus em pacientes com fatores de risco (veja tabela 2) [3].
Em situações de profilaxia, escolhe-se medicamentos que atingem rapidamente nível terapêutico no sangue, permitem doses de ataque e estão disponíveis em formulação endovenosa. No Brasil, a escolha mais comum será a fenitoína. Existe a opção do levetiracetam, que embora pouco disponível na formulação intravenosa, pode ser realizado por via oral ou por sonda nasogástrica/entérica. A fenitoína não deve ser realizada por sonda nasogástrica/entérica por pior manutenção de nível terapêutico quando administrado por essa via.
Pacientes que tiveram um único episódio de crise não provocada e que não preenchem formalmente os critérios de epilepsia podem ser considerados para uso de FAC. Isso é verdade especialmente quando há exposição a riscos no cotidiano ou quando o paciente opta pela utilização após decisão compartilhada e exposição de riscos e benefícios.
Tratamento agudo da crise epiléptica
Os principais medicamentos utilizados para controle agudo de crises epilépticas são os benzodiazepínicos e a fenitoína.
Benzodiazepínicos
Para o controle agudo de crises, os benzodiazepínicos de escolha são o diazepam e o midazolam (dormonid®). Esses medicamentos fazem parte da terapêutica inicial do tratamento do estado de mal epiléptico e devem ser usados no tratamento abortivo de crises presenciadas.
Para uso intravenoso deve ser infundido diazepam 10 mg sem diluição. Para uso intramuscular, a recomendação é pelo midazolam na dose de 10 mg.
Apenas o clonazepam (rivotril®) e o clobazam são utilizados para tratamento crônico de epilepsia, indicados como terapia adjuvante acrescentada a outro FAC.
Fenitoína
A fenitoína é o segundo passo no tratamento do estado de mal epiléptico e auxilia na prevenção de novos episódios. É um medicamento com cinética simples e que atinge nível sérico rapidamente diminuindo a recorrência de crises. A dose é de 15-20 mg/kg com objetivo de se obter um nível sérico de 10-20 mcg/mL coletada cerca de 1 hora após a infusão. O nível sérico de fenitoína deve ser corrigido em caso de hipoalbuminemia - confira uma fórmula de correção da fenintoína para albumina aqui.
Uma dose adicional de fenitoína pode ser necessária para atingir a faixa terapêutica adequada. Existe uma fórmula de estimativa da dose adicional baseada no nível sérico e no peso:
Dose adicional = (20 – nível sérico) x 0,7 x peso em kg
A fenitoína deve ser diluída somente em soro fisiológico 0,9%. A droga pode precipitar se for diluída em soro glicosado ou administrada em conjunto com soluções que contenham glicose no mesmo acesso. O mesmo ocorre com benzodiazepínicos, devendo-se evitar a infusão simultânea dessas drogas pelo mesmo acesso. A infusão deve ser realizada em ambiente monitorizado e não ultrapassar 50 mg/min para evitar efeitos adversos cardiovasculares, principalmente bradiarritmias.
O tratamento agudo de crises e estado de mal epiléptico também possui opções menos disponíveis como o levetiracetam, fosfenitoína e o valproato. Esses medicamentos foram comparados recentemente do estudo ESETT mostrando eficácia similar em relação a cessação de crises [4].
Tratamento de crises generalizadas
As crises generalizadas são mais prevalentes em pacientes jovens. Essas crises se apresentam como epilepsias primariamente generalizadas ou como síndromes epilépticas bem definidas, como a epilepsia mioclônica juvenil.
Valproato ou ácido valpróico
O valproato é a primeira escolha em crises generalizadas.
Deve ser evitado em mulheres em idade fértil. Essa é a droga mais teratogênica entre os FAC e tem potencial de prejudicar a ação de contraceptivos orais. Apresenta um amplo espectro de ação, sendo também efetivo contra crises focais. Não é recomendado em pacientes com disfunção hepática.
Levetiracetam
O levetiracetam é um medicamento de amplo espectro para controle de crises. A droga necessita de ajuste de dose em pacientes com redução da taxa de filtração glomerular. Outro cuidado é evitar a prescrição em pacientes com comorbidades psiquiátricas descompensadas. O levetiracetam é associado a sintomas de humor como irritabilidade e psicose nesses pacientes.
O levetiracetam foi avaliado recentemente no trabalho SANAD II [5]. Esse estudo testou a hipótese do levetiracetam ser não inferior e custo efetivo em relação ao valproato em crises generalizadas ou não classificáveis. O levetiracetam falhou em se provar não inferior ao valproato neste estudo. Confira um um comentário em vídeo sobre o estudo SANAD II.
Topiramato
O topiramato foi estudado em crises generalizadas, dessa vez no estudo SANAD I de 2007 [6]. No trabalho, o medicamento apresentou um perfil de efeitos adversos (principalmente cognitivos) pior em comparação ao valproato e a lamotrigina. Permanece como uma opção de tratamento alternativa ao valproato, amplamente disponível e que auxilia em comorbidades como enxaqueca e obesidade.
O topiramato é associado à hiperamonemia, principalmente quando em conjunto ao valproato. Esse efeito pode ser causa de encefalopatia.
Tratamento de crises focais
As crises focais são as mais comuns do adulto. Tanto doenças primárias, como a esclerose temporal mesial (principal causa de epilepsia de difícil controle em adultos), como epilepsias estruturais podem ser causas de crises focais. Além dos FAC comentados abaixo, é possível utilizar levetiracetam, valproato, topiramato, fenitoína e fenobarbital.
Carbamazepina
Medicamento de maior eficácia para tratamento de crises focais junto à fenitoína.
Possui um importante efeito de indução enzimática, assim como outros FAC (indicados na tabela 3). Isso pode alterar o nível sérico de outras drogas, sendo necessário sempre checar a existência de interação medicamentosa.
Um fenômeno que pode ocorrer é a autoindução enzimática, no qual a droga induz o próprio metabolismo. Assim, é necessário avaliar o nível sérico de carbamazepina após 4 a 8 semanas do início para verificar a necessidade de ajuste de dose.
A oxcarbazepina é um derivado da carbamazepina, tendo a vantagem de um menor efeito em indução enzimática. Possui uma tendência levemente maior de causar hiponatremia, apesar de a carbamazepina também estar associada a esse evento adverso.
Lamotrigina
Medicamento com boa tolerabilidade. Também pode ser usado para crises generalizadas como crises de ausência da infância.
A lamotrigina deve ser introduzida em dose baixa e com progressão lenta. A dose inicial é de 25 mg/dia com aumento de 25 mg a cada 2 semanas. Essa velocidade de incremento deve ser ainda menor quando em conjunto com valproato. Essa recomendação tem objetivo de evitar reações de hipersensibilidade graves como síndrome de Stevens-Johnson/necrólise epidérmica tóxica e síndrome DRESS (drug rash with eosinophilia and systemic symptoms).
Lacosamida
Droga recente com boa tolerabilidade e titulação. Há necessidade de acompanhamento com eletrocardiograma para avaliar possível efeito em alargamento de intervalo PR e bradicardias.
Gabapentina
Opção para tratamento para crises focais. Melhor estudado como medicamento adjuvante em adição a outro FAC. É uma alternativa favorecida em pacientes com dor neuropática ou transtorno de ansiedade.
Epilepsia e situações especiais
Gestação
É preciso cautela na escolha do FAC para uma mulher em idade fértil. Deve-se considerar efeitos adversos, interação com contraceptivos orais e teratogenicidade.
Dentre as opções disponíveis, os FAC de primeira escolha em gestantes e mulheres com planejamento reprodutivo são: lamotrigina e levetiracetam, com a oxcarbazepina como segunda linha. O uso dessas medicações apresentou um risco de teratogenicidade semelhante ao de mulheres saudáveis sem uso de FAC.
O valproato é uma das últimas escolhas para mulheres em idade fértil. Essa droga tem interação com contraceptivos orais e é sabidamente um dos fármacos com maior relação com teratogenicidade.
É recomendado o pré-natal em conjunto com neurologista. O nível sérico deve ser avaliado com frequência, pois ocorrem alterações do metabolismo das drogas no decorrer da gestação.
Adesão medicamentosa
A adesão medicamentosa subótima diminui a eficácia do controle de crises e aumenta a chance de acidentes e estado de mal epiléptico.
Ao identificar um paciente com dificuldade de adesão documentada ou perfil de risco para adesão subótima, deve-se selecionar um FAC com a melhor posologia possível e meia vida longa. Esse é um cenário no qual cogita-se a introdução de fenobarbital. Essa escolha baseia-se na droga ter um baixo custo, ser amplamente acessível no sistema público de saúde e ser administrada uma vez ao dia. Esse FAC está associado a crises de rebote em caso de retirada ou redução brusca de dose.
Quando solicitar nível sérico?
A faixa de referência de um FAC é definida por estudos populacionais e indica o intervalo de concentração no qual a maioria dos pacientes atinge o controle de crises. Abaixo dessa faixa é improvável que aconteça controle de crises e acima dela é provável haver intoxicação.
Já a faixa terapêutica é a concentração de FAC na qual um determinado paciente tem controle de crises e não têm efeitos colaterais. A faixa terapêutica é estabelecida individualmente.
Dentre os FAC mais disponíveis, a fenitoína, o fenobarbital e a carbamazepina são os que mais comumente necessitam de monitorização do nível terapêutico.
Na prática, a solicitação do nível sérico tem as seguintes aplicações:
- Avaliação de falha terapêutica e suspeita de dificuldade de adesão
- Suspeita de intoxicação pelo FAC
- farmacocinéticas como indução enzimática, acompanhamento durante a gravidez, insuficiência renal ou hepática
A coleta deve ser realizada após passadas 5 meias-vidas do FAC.
Para FAC de meia vida curta como carbamazepina, lamotrigina e levetiracetam, é necessário orientação de coleta antes da primeira dose do dia para obter o nível de vale (para avaliação terapêutica) ou entre doses para obter nível de pico (avaliação de toxicidade). Para FAC de meia vida prolongada como fenitoína e fenobarbital não há variação significativa nas 24 horas.
No tratamento com carbamazepina e oxcarbazepina, a presença de ataxia, diplopia ou nistagmo, na ausência de outra causa possível, já é indício de intoxicação independente do nível sérico.
O que devo monitorar no paciente que usa anticonvulsivante?
Metabolismo ósseo: os FAC indutores enzimáticos estão implicados em alteração do metabolismo ósseo. São eles fenitoína, fenobarbital e carbamazepina. A fenitoína possui também efeitos ósseos diretos por diversos mecanismos, sendo a principal droga implicada em baixa densidade mineral óssea e fraturas. Dos fármacos não indutores enzimáticos, o valproato também foi associado a esse evento adverso. Os demais FAC não possuem efeito significativo [7].
Metabolismo lipídico: drogas com efeito indutor enzimático podem aumentar os triglicerídeos, LDL e colesterol total.
Hiponatremia: efeito intrinsecamente ligado à carbamazepina e oxcarbazepina. Mais comum em paciente com idade avançada, uso concomitante de diuréticos e terapia combinada para epilepsia.
Hepatotoxicidade: valproato é a principal droga envolvida em hepatotoxicidade. O paciente em uso crônico pode apresentar elevação de transaminases, mas isso não implica necessariamente em suspensão da droga se os níveis de transaminases forem estáveis [8].
Quando cogitar a suspensão?
Considera-se diminuir ou suspender um FAC a partir de 2 anos livres de crises. Ainda assim, as taxas de recorrência podem chegar a até 50% no seguimento em 5 anos, sendo o primeiro ano o período de maior risco.
Há preditores de maior recorrência de crises após a suspensão, como eletroencefalograma alterado ou neuroimagem alterada [9].
Caso o paciente permaneça por 10 anos sem crise, sendo os últimos 5 anos sem necessidade de FAC, considera-se que o paciente tem uma epilepsia resolvida.
Aproveite e leia:
Estado de Mal Epiléptico
O estado de mal epiléptico é uma emergência neurológica ameaçadora à vida. É causado por precipitantes específicos ou falha nos mecanismos de término da crise epiléptica, resultando em crises anormalmente prolongadas e com possíveis efeitos deletérios permanentes. Esse tópico revisa o diagnóstico e o manejo do estado de mal epiléptico.
Oxigenoterapia Domiciliar
Oxigenoterapia domiciliar pode reduzir a mortalidade de pacientes com hipoxemia grave. Há dúvidas sobre quantas horas diárias são necessárias para atingir esse benefício. O estudo REDOX comparou 15 horas por dia contra 24 horas por dia. Esse tópico traz os resultados do trabalho e discute aspectos práticos sobre o tema.
Tratamento de Bactérias AmpC, CRAB e Stenotrophomonas maltophilia
O aumento de bactérias multidroga resistentes deixa cada vez mais difícil o manejo de infecções hospitalares. A Sociedade Americana de Doenças Infecciosas (IDSA) publicou um posicionamento sobre o tratamento de enterobactérias produtoras de AmpC, Acinetobacter baumannii produtor de carbapenemase e Stenotrophomonas maltophilia¹. Abaixo os principais pontos do documento.
Prevalência, Fatores de Risco e Subdiagnóstico de Demências no Brasil
Com a transição demográfica, o atendimento a pessoas com demências será cada vez mais comum. Apesar da sua relevância, até recentemente o Brasil carecia de dados epidemiológicos sobre o tema. O estudo da iniciativa ELSI-Brasil veio para mudar esse cenário. Este tópico revisa a definição, fatores de risco e prevalência das demências no Brasil.
Gabapentinoides, Dor Neuropática e Eventos Adversos
Os gabapentinoides (pregabalina e gabapentina) são anticonvulsivantes amplamente utilizados para a dor neuropática. Vistos como drogas seguras, a prescrição dessas medicações têm aumentado progressivamente. Estudo publicado em julho no American Journal of Kidney Diseases (AJKD) investigou a associação de gabapentinoides e eventos adversos em idosos com doença renal crônica. Vamos ver os resultados e revisar a evidência sobre essas medicações.