Síndromes e Cenários

Estado de Mal Epiléptico

Criado em: 11 de Novembro de 2024 Autor: João Urbano Revisor: João Mendes Vasconcelos

O estado de mal epiléptico é uma emergência neurológica ameaçadora à vida. É causado por precipitantes específicos ou falha nos mecanismos de término da crise epiléptica, resultando em crises anormalmente prolongadas e com possíveis efeitos deletérios permanentes [1]. Esse tópico revisa o diagnóstico e o manejo do estado de mal epiléptico.

Diagnóstico de estado de mal epiléptico

O estado de mal epiléptico generalizado é definido como uma crise contínua por mais de 5 minutos ou crises que recorrem sem que haja recuperação completa da consciência com duração maior que 5 minutos [1]. Pode ser convulsivo ou não convulsivo. O estado de mal convulsivo ocorre quando há sintomas motores proeminentes, como nas crises tônico-clônicas bilaterais, e nas crises focais disperceptivas prolongadas com prejuízo da consciência.

O tempo de 5 minutos para caracterizar o estado de mal se apoia no fato de que crises tônico-clônicas bilaterais isoladas têm uma duração média inferior a 2 minutos e estudos observacionais demonstram que não ultrapassam de 5 minutos [2]. As crises com duração maior do que 5 minutos possuem baixa probabilidade de terminar espontaneamente e devem ser prontamente tratadas. Nas crises focais disperceptivas, a duração a partir da qual é improvável que a crise termine por conta própria é de 10 minutos. Esse limiar de tempo que indica baixa chance de resolução espontânea é denominado de T1 (5 minutos em tônico-clônicas bilaterais, 10 minutos em focais disperceptivas).

O estado de mal epiléptico pode causar consequências a longo prazo se durar um determinado tempo. Esse tempo é chamado de T2 e é de 30 minutos para crises tônico-clônicas bilaterais e de 60 minutos para crises focais disperceptivas (figura 1). O conceito de T2 reforça que essa é uma condição sensível ao tempo e o tratamento deve ser instituído o mais brevemente possível.

Figura 1
Esquema visual do tempo de evolução do estado de mal conforme a apresentação clínica
Esquema visual do tempo de evolução do estado de mal conforme a apresentação clínica

O estado de mal não convulsivo é caracterizado pela ausência de sintomas motores proeminentes. Esse é um importante diagnóstico diferencial de rebaixamento de nível de consciência sem causa clara. Estado de mal não convulsivo pode estar presente em até 20% dos pacientes em coma em UTI [3]. Uma etapa importante do exame físico em situação de rebaixamento de nível de consciência é procurar ativamente por sinais clínicos sutis que sugiram crise epiléptica, como movimentação repetitiva de membros, alteração da motricidade ocular, afasia ou clonias.

Um diagnóstico prévio de epilepsia é o maior fator de risco isolado para o estado de mal epiléptico [4]. O baixo nível sérico de anticonvulsivantes, seja por dificuldades com o tratamento ou interação medicamentosa, parece ser o principal motivo para a ocorrência.

Nos pacientes sem história de epilepsia, o AVC isquêmico ou hemorrágico é a principal causa de estado de mal epiléptico. O AVC pode se apresentar como estado de mal no contexto agudo ou ser um fator facilitador para a sua ocorrência no futuro [5]. Uma situação que pode gerar hesitação é a presença de paresia após um estado de mal resolvido, causando dúvida entre paralisia de Todd e um déficit por AVC. Um déficit motor após crise epiléptica em um paciente sem diagnóstico prévio de epilepsia deve ser encarado como suspeita de AVC isquêmico ou hemorrágico e conduzido como tal [6].

Tabela 1
Etiologias e investigação de estado de mal epiléptico
Etiologias e investigação de estado de mal epiléptico

A glicemia capilar deve ser aferida rapidamente em todos os pacientes em estado de mal epiléptico, pois as disglicemias são causas que podem ser rapidamente revertidas. Veja a tabela 1 para etiologias de estado de mal epiléptico.

Tratamento do estado de mal epiléptico

O paciente em estado de mal epiléptico deve ser manejado em sala de emergência ou UTI. O tratamento é sensível ao tempo e deve ocorrer o mais rápido possível. 

A primeira medida é administrar um benzodiazepínico. Essa etapa deve ser realizada ainda no ambiente pré-hospitalar, quando possível. As drogas de escolha são o diazepam 10 mg via intravenosa (IV) ou midazolam 10 mg intramuscular.

Se a crise persistir ou o nível de consciência não retornar, o segundo passo é a administração de anticonvulsivantes IV. A opção mais disponível é a fenitoína (hidantal ®). A administração IV de fenitoína também é conhecida como hidantalização. O fluxograma 1 resumo as etapas do tratamento do estado de mal epiléptico. 

Fluxograma 1
Tratamento do estado de mal epiléptico
Tratamento do estado de mal epiléptico

O estudo ESETT comparou valproato, levetiracetam e fosfenitoína (derivado da fenitoína) intravenosos para tratamento do estado de mal epiléptico [7]. Não houve superioridade de qualquer uma das drogas. O valproato intravenoso está indisponível no Brasil até o momento da publicação deste tópico. 

Acompanhamento e tratamento de estado de mal refratário

Os pacientes com estado de mal epiléptico devem ser monitorizados, idealmente com eletroencefalograma (EEG) contínuo. Esse recurso é pouco disponível em hospitais brasileiros. Uma opção é realizar EEG intermitente diário ou na maior frequência possível. 

A persistência do quadro mesmo após a segunda droga caracteriza um estado de mal epiléptico refratário. Nas coortes no departamento de emergência, até 33% dos pacientes com estado de mal evoluem para refratariedade [8]. Quando a refratariedade do estado de mal ocorre em pessoas sem história prévia de crises epilépticas, o quadro é definido como NORSE (do inglês, new onset refractory status epilpeticus). Nesses casos, 50% dos pacientes permanecem sem etiologia definida após investigação, 20% são relacionados a encefalites autoimunes e 8% causados por infecções do sistema nervoso central [9].

O estado de mal epiléptico refratário é grave e tem mortalidade de até 25% [8]. A próxima etapa do tratamento é a administração de anestésicos intravenosos. As principais opções são midazolam e propofol (veja tabela 2).

Tabela 2
Doses de anestésicos intravenosos para tratamento de estado de mal epiléptico
Doses de anestésicos intravenosos para tratamento de estado de mal epiléptico

Em caso de refratariedade a essas duas drogas, o que caracteriza um estado de mal epiléptico super refratário, há evidências crescentes do papel da quetamina [10]. Os barbitúricos, como o tiopental, são opções menos interessantes nesse cenário por efeitos adversos hemodinâmicos graves.

Quando intubar?

A decisão de intubar é individual e influenciada pela resposta inicial ao tratamento. Os pacientes em estado de mal refratário devem ser submetidos a intubação orotraqueal antes da administração de anestésicos intravenosos. A intubação precoce em contexto pré-hospitalar não resultou em menor mortalidade [11]. 

Quando diminuir a dose das medicações?

A intensidade e duração do tratamento com anestésicos intravenosos é definida pelo EEG. O objetivo é manter o paciente sem crises no EEG por 24 a 48 horas antes de diminuir ou interromper qualquer tratamento [12]. A identificação da etiologia e o tratamento da causa de base são determinantes para o sucesso do tratamento.

Diabetes Mellitus e Drogas Antidiabéticas no Perioperatório

Criado em: 11 de Novembro de 2024 Autor: Joanne Alves Moreira Revisor: João Mendes Vasconcelos

O controle glicêmico e o manejo de diabetes mellitus estão relacionados aos desfechos clínicos no perioperatório [1]. Esse tópico aborda o manejo dessas condições no perioperatório.

O Guia já abordou o manejo medicamentoso no perioperatório em "Manejo Medicamentoso no Perioperatório".

Impacto e rastreio de diabetes mellitus no perioperatório

Hiperglicemia perioperatória (glicemia capilar > 180 mg/dL) está associada com maior risco de infecções no sítio cirúrgico e outros sítios, fístulas, deiscências de anastomose, injúria renal aguda (IRA), tempo de internação hospitalar e morte [2-6]. O controle glicêmico rigoroso (glicemia capilar ≤ 110 a 140 mg/dL) está associado a menor risco de infecções, fibrilação atrial e IRA, porém com aumento de risco de hipoglicemia [7-9].

A diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) recomenda o rastreio de diabetes mellitus (DM) com glicemia de jejum no pré-operatório de cirurgias eletivas, para todos os pacientes que tem indicação de avaliação de risco cirúrgico (classe I, nível B) [10]. Conforme a SBD na diretriz de diagnóstico de DM, o rastreio também está indicado para todos os adultos com 35 anos ou mais. Caso o paciente tenha menos do que 35 anos, as recomendações para o rastreio foram discutidas em "Novos Critérios Diagnósticos e Rastreio de Diabetes e Pré-Diabetes".

Em pacientes com DM conhecida, a avaliação visa otimizar o controle glicêmico pré-operatório.

Metas para controle glicêmico pré-operatório

O corte de hemoglobina glicada (HbA1c) adequado varia conforme as diretrizes. A SBD e a American Heart Association (AHA) recomendam um valor de HbA1c menor que 8% para cirurgias eletivas, enquanto a diretriz europeia recomenda um valor de HbA1c menor ou igual a 8,5% [11, 12]. 

Em pacientes com DM prévio, quando a HbA1c for superior ao alvo estipulado, deve-se considerar a possibilidade de adiar a cirurgia para controle glicêmico adequado. Em caso de procedimentos sensíveis ao tempo, a cirurgia não deve ser adiada para controle da HbA1c e pode-se optar pela internação para controle glicêmico mais rápido e objetivar uma glicemia entre 140 e 180 mg/dL antes da cirurgia. 

A SBD recomenda verificar o valor da glicemia no dia da cirurgia e, caso acima de 250 mg/dL, considerar adiar a cirurgia eletiva até a glicemia ficar abaixo de 250 mg/dL. Esse ajuste pode ser realizado até quatro horas antes da cirurgia. Em pessoas com DM tipo 1, recomenda-se testar cetonemia se a glicemia estiver acima de 250 mg/dL.

Sugere-se que as cirurgias sejam realizadas preferencialmente no início da manhã, evitando períodos prolongados de jejum.

Manejo de antidiabéticos orais e subcutâneos

Há divergência entre as recomendações de manter ou suspender os hipoglicemiantes orais no perioperatório. As orientações estão disponíveis na tabela 1. Todos os hipoglicemiantes orais podem ser reiniciados quando o paciente retomar a dieta, na ausência de contraindicações. 

Tabela 1
Manejo de hipoglicemiantes orais no perioperatório
Manejo de hipoglicemiantes orais no perioperatório

Em pacientes em uso de inibidores de SGLT2 submetidos a cirurgia de emergência, sugere-se suspender imediatamente a medicação. Nesse cenário de cirurgia de urgência em que a medicação foi tomada próximo ao procedimento, a SBD recomenda acompanhar a cetonemia capilar diariamente por três a cinco dias ou enquanto o paciente permanecer em jejum oral [10].

Tabela 2
Manejo de análogos de GLP-1 e agonistas duais GIP/GLP-1 no perioperatório segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e American Society of Anesthesiologists (ASA)
Manejo de análogos de GLP-1 e agonistas duais GIP/GLP-1 no perioperatório segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e American Society of Anesthesiologists (ASA)

Os análogos de GLP-1 e agonistas duais GIP/GLP-1 (tirzepatida) devem ser suspensos em procedimentos que envolvam sedação anestésica ou anestesia geral. Eles retardam o esvaziamento gástrico, aumentando o risco de broncoaspiração [13, 14]. As recomendações estão disponíveis na tabela 2. A ultrassonografia gástrica é uma opção para avaliar a presença de volume residual pré-procedimento em pacientes utilizando análogos de GLP-1 ou com risco de gastroparesia, auxiliando na decisão de proceder com a cirurgia. O volume residual gástrico aumentado foi definido pela presença de qualquer resíduo sólido ou 1,5 mL/kg de líquidos claros na ultrassonografia [15].

Manejo de insulina

O ajuste da insulinoterapia também varia conforme as diretrizes. A tabela 3 resume as orientações do manejo no perioperatório. A SBD reforça a recomendação de manter a insulina basal em pacientes com DM tipo 1 ou pancreatectomia prévia pelo risco de cetoacidose diabética. 

Tabela 3
Manejo de insulina no perioperatório
Manejo de insulina no perioperatório

As doses de insulina rápida e ultrarrápida fixas devem ser suspensas no jejum e usadas apenas para correção de hiperglicemia (tabela 4). A glicemia deve ser verificada a cada duas ou quatro horas enquanto permanecer o jejum [16]. A meta é manter a glicemia entre 140 a 180 mg/dL, evitando valores abaixo de 70 mg/dL (classe I, nível A). O controle glicêmico intensivo aumentou episódios de hipoglicemia, sem redução de mortalidade por todas as causas [17]. Mais detalhes sobre o uso de insulina para controle de glicemia no hospital podem ser vistos em "Controle de Glicemia no Paciente Internado".

Tabela 4
Dose de correção de glicemia de acordo com a sensibilidade à insulina
Dose de correção de glicemia de acordo com a sensibilidade à insulina

Em pacientes submetidos a cirurgia de grande porte com pós-operatório na UTI, o controle de hiperglicemia deve ser realizado com insulina regular por via intravenosa no pós-operatório imediato. Em pacientes fora da UTI, a correção poderá ser realizada com insulina via subcutânea (classe I, nível A).

Resmetirom para Esteato-Hepatite Associada a Disfunção Metabólica (MASH)

Criado em: 11 de Novembro de 2024 Autor: João Mendes Vasconcelos

O tratamento da doença hepática esteatótica associada a disfunção metabólica (MASLD) foi recentemente modificado pelo estudo MAESTRO-NASH [1]. Este trabalho mostrou a eficácia do resmetirom e foi publicado no New England Journal of Medicine em fevereiro de 2024. Em outubro do mesmo ano, a American Association for the Study of Liver Diseases (AASLD) publicou uma atualização incorporando essa nova terapia [2]. Este tópico traz os resultados e desdobramentos do estudo.

A doença hepática esteatótica associada a disfunção metabólica (MASLD, na sigla em inglês) já foi abordada no Guia em "Guia Prático de Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica" e "Escore para Identificação de Fibrose na Esteatose Hepática".

Nova nomenclatura e contexto do estudo

A doença hepática esteatótica associada a disfunção metabólica (MASLD) é a antiga doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA ou NAFLD, na sigla em inglês). O consenso que modificou a nomenclatura foi publicado em 2023, pontuando que a terminologia antiga podia ser imprecisa, pois definia a condição pelo que ela não era, além de ter potencial estigmatizante [3]. Pela nova diretriz, para caracterizar MASLD o paciente precisa ter doença hepática esteatótica e pelo menos um de cinco critérios cardiometabólicos (fluxograma 1). Os pacientes com MASLD e evidência histológica de esteato-hepatite têm agora esteato-hepatite associada a disfunção metabólica (MASH, a antiga NASH).

Fluxograma 1
Critérios de doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica
Critérios de doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica

Até 2024, não existiam tratamentos diretos para MASH. As diretrizes orientavam tratar condições associadas, como obesidade e diabetes, na tentativa de conter o dano hepático [4]. Veja mais em "Guia Prático de Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica".

O resmetirom é um agonista do receptor de hormônio tireoidiano e foi testado para MASH no estudo MAESTRO-NASH. Ele atua como um agonista seletivo do receptor, estimulando a isoforma beta, que está presente no fígado. A droga evita a ativação da isoforma alfa do receptor, presente no coração e nos ossos, minimizando possíveis efeitos nesses sítios. A ativação do receptor no fígado pode reverter a esteatose hepática por alguns mecanismos, entre eles a conversão de T4 em T3 e a otimização da função mitocondrial.

O estudo MAESTRO-NASH

Este trabalho está avaliando o resmetirom no tratamento de MASH [1]. Os resultados do acompanhamento de 52 semanas foram publicados no New England Journal of Medicine, porém o estudo está em andamento e o planejamento é que acompanhe os pacientes por 54 meses.

O MAESTRO-NASH é um estudo de fase três, duplo cego, randomizado e multicêntrico, envolvendo 245 centros em 15 países, patrocinado pela fabricante do medicamento (Madrigal Pharmaceuticals®). Para serem incluídos, os pacientes deviam ter pelo menos três de cinco fatores de risco cardiovasculares e biópsia hepática com fibrose e MASH com escore de atividade > 4. Os critérios de exclusão envolviam consumo de álcool em quantidades associadas a esteatose e hemoglobina glicada > 9%.

Os indivíduos foram randomizados para receber resmetirom 80 mg, resmetirom 100 mg ou placebo. A droga é administrada por via oral, uma vez ao dia. Ao longo do trabalho, todos os pacientes receberam aconselhamento sobre nutrição e atividade física. 

Todos os pacientes foram biopsiados novamente na semana 52. Dois desfechos primários foram avaliados: resolução da MASH sem piora da fibrose e redução da fibrose sem piora da MASH. 

Foram ao todo 966 pacientes, com idade média de 56 anos e IMC de 35. Cerca de 60% em cada grupo apresentava fibrose F3 e a maioria tinha hipertensão, dislipidemia e diabetes. Mais características podem ser vistas na tabela 1.

Tabela 1
Características selecionadas do estudo MAESTRO-NASH
Características selecionadas do estudo MAESTRO-NASH

Houve diferença significativa favorecendo o resmetirom nos dois desfechos primários. As análises de subgrupo foram compatíveis com esses resultados. O colesterol LDL reduziu mais no grupo intervenção do que no placebo. 

Os efeitos adversos mais frequentes foram diarreia e náuseas. A diarreia durava 15 a 20 dias no grupo resmetirom, independente da dose. O número de eventos adversos graves foi similar nos três grupos. Mais pacientes no grupo resmetirom 100 mg suspenderam o tratamento em comparação com resmetirom 80 mg e placebo (6,8% vs 1,9% vs 2,2%, respectivamente).

Em março de 2024, o United States Food and Drug Administration (FDA) aprovou o medicamento para MASH.

Como prescrever e perspectiva

A American Association for the Study of Liver Diseases (AASLD) publicou uma atualização em outubro de 2024 incorporando o resmetirom no tratamento de MASH [2]. Segundo essa associação, o medicamento é recomendado para pacientes com MASH e evidência histológica de fibrose F2-F3. Como a biópsia tem limitações na prática clínica, os autores também recomendam para pacientes com MASH e evidência não invasiva de fibrose hepática, preferencialmente por imagem (por exemplo, elastografia hepática com rigidez hepática entre 8 e 15 kPa). O documento também faz recomendações de monitorização e avaliação de resposta (tabela 2).

Tabela 2
Recomendações da AASLD para Resmetirom na MASLD
Recomendações da AASLD para Resmetirom na MASLD

A publicação representa um avanço em uma condição comum, ainda sem boas opções terapêuticas. Porém, existem limitações. Os desfechos avaliados não foram desfechos clínicos. Esses desfechos serão avaliados no acompanhamento de longo prazo. O acompanhamento de 54 semanas é curto para respaldar a segurança com o uso a longo prazo. O acesso é uma desvantagem, já que o preço é de dezenas de milhares de dólares por ano. Por fim, muitos pacientes ainda não apresentam resposta mesmo em uso do medicamento, como mostram os resultados com a dose maior de resmetirom (resposta em 25 a 29% dos indivíduos, tabela 1).

Existem mais remédios na linha de pesquisa de MASH, como o análogo do FGF21 pegozafermin [5].