Síndromes e Cenários

Infecção do Trato Urinário Associada a Cateter Vesical

Criado em: 02 de Dezembro de 2024 Autor: Frederico Amorim Marcelino Revisor: João Mendes Vasconcelos

A infecção do trato urinário associada a cateter vesical é uma condição de difícil diagnóstico [1]. Os exames urinários são comumente alterados nessa população, mesmo na ausência de infecção [2]. Os sintomas podem ser difíceis de avaliar, especialmente em pacientes sedados ou com lesão medular. Este tópico aborda o diagnóstico, tratamento e prevenção dessa condição.

Tipos de cateteres vesicais

A infecção do trato urinário associada a cateter vesical (ITU-C) é a terceira infecção associada aos cuidados de saúde mais comum em UTIs no Brasil [3]. Pode ocorrer também em pacientes internados fora da UTI ou ambulatoriais com necessidade de cateter vesical de uso contínuo ou cateterismo vesical intermitente. 

Figura 1
Dispositivos para auxílio da micção
Dispositivos para auxílio da micção

Os dispositivos para auxiliar a micção podem ser divididos em três grupos [4] (figura 1): 

  • Cateter vesical de demora ou de longa permanência: usado em pacientes com retenção urinária grave e obstrução da via urinária e naqueles hemodinamicamente instáveis para quantificação de diurese. Pode ser uretral (cateter de Foley) ou suprapúbico. Esse cateter possui um balão inflável na extremidade distal para mantê-lo fixo na bexiga.
  • Cateter vesical de alívio ou intermitente: realizado apenas nos momentos programados para esvaziamento vesical. É uma alternativa ao cateter vesical de demora em paciente com retenção crônica. O cateter é fino e flexível, sem balão inflável, e é retirado após o término da drenagem.
  • Dispositivo urinário externo: dispositivo não invasivo para pacientes sem retenção ou obstrução da via de saída. Funcionam como coletores de urina acoplados externamente ao paciente. Dispositivos diferentes são usados para pacientes com pênis e com vagina.

Em pacientes com disfunção vesical neurogênica que necessitam de uso prolongado de dispositivos de auxílio a micção, como os com lesão medular, recomenda-se preferencialmente o cateterismo intermitente em vez do cateter de demora, por estar associado a menor número de ITUs e melhor qualidade de vida [4-7]. Já para pacientes com necessidade de cateterismo vesical de curto prazo, parece não haver diferença entre as duas estratégias [8, 9]. Dentre os tipos de cateter vesical de demora, a via suprapúbica parece estar associada a menor risco de infecção após cinco dias de uso.

Nos candidatos a dispositivo urinário externo, o risco de infecção urinária é menor se comparado ao cateter vesical de demora [10].

Sintomas e diagnóstico de infecção urinária associada a cateter vesical

Os sintomas de ITU-C são dor suprapúbica, dor no ângulo costovertebral e em flanco, disúria, urgência miccional e febre. Muitos pacientes com sonda vesical não conseguem relatar precisamente os sintomas, como aqueles sedados em UTI ou com lesão medular. Pacientes com lesão medular podem ter outros sintomas, como aumento de espasticidade de membros inferiores. Em pacientes com lesões acima de T6, sintomas de disautonomia como sudorese, flushing (ruborização difusa), cefaleia e hipertensão. Urina fétida ou turva não são específicos de ITU e não devem ser considerados suspeitos isoladamente. 

Não existe padrão ouro para diagnóstico de ITU-C. Bacteriúria é comum em pacientes com cateter vesical e a prevalência parece aumentar com o número de dias de cateter. Um estudo encontrou prevalência de 13% de bacteriúria no primeiro dia de cateter e 55% a partir do quarto dia [11]. A partir de 30 dias, praticamente todos os pacientes apresentam bacteriúria [12, 13, 14]. As taxas de bacteriúria em pacientes com lesão medular que fazem cateterismo intermitente também são altas, com estudos encontrando uma prevalência de mais de 50% [15, 16]. A presença de leucocitúria também é comum nesses cenários. Veja mais em "Piúria, Bacteriúria e Delirium".

O diagnóstico de ITU-C é comumente de exclusão. Muitos pacientes não apresentam os sintomas clássicos e a principal alteração será febre. Considerando a inespecificidade da apresentação e a incerteza da hipótese, devem ser excluídas outras causas de febre. A presença de leucocitúria e bacteriúria não confirmam o diagnóstico, mas a ausência de leucocitúria praticamente exclui o diagnóstico de ITU-C. Alguns autores sugerem que, na investigação de pacientes em UTI com febre, a urocultura seja realizada apenas em pacientes com piúria [17]. Veja mais em "Nova Diretriz de Febre na UTI".

No fluxograma 1 está uma sugestão de abordagem em pacientes com suspeita de ITU-C.

Fluxograma 1
Abordagem de paciente com suspeita de infecção do trato urinário associada a cateter (ITU-C)
Abordagem de paciente com suspeita de infecção do trato urinário associada a cateter (ITU-C)

Além da presença de bactérias, o crescimento de Candida spp. também é comum em pacientes com sonda vesical e não representa infecção necessariamente. Assim como a bacteriúria, deve ser considerada patológica apenas em pacientes sintomáticos com suspeita de ITU-C.  

A coleta de urina nesses pacientes deve ser feita após a retirada do cateter vesical de demora e colocação de um novo cateter. Não é recomendada a coleta de urina diretamente da bolsa coletora. 

Tratamento e prevenção de ITU-C

No Brasil, os microrganismos mais associados com ITU-C em UTIs são: Klebsiella pneumoniae, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter spp. e Enterococcus spp. 

Não há estudos randomizados para o tratamento de ITU-C. O tratamento empírico de ITU-C deve considerar o perfil microbiológico da instituição, histórico de culturas e gravidade do paciente [18, 19].  Em pacientes com cistite, nitrofurantoína e fosfomicina podem ser consideradas. Já em pacientes com pielonefrite, ceftriaxona ou uma fluoroquinolona são opções. Em locais com alta prevalência de bactérias multirresistentes, um carbapenêmico pode ser considerado até o resultado de culturas. Em pacientes graves, pode ser considerado o uso de antibióticos contra gram-positivos resistentes, como vancomicina, especialmente se houver alguma cultura prévia com esses agentes. O tratamento deve seguir as recomendações institucionais, se disponíveis, e deve ser ajustado conforme resultado de culturas. 

A troca do cateter antes de iniciar o tratamento parece aumentar as chances de cura clínica [20]. Caso o cateter não tenha sido trocado na coleta de urina, recomenda-se a troca no início da antibioticoterapia.

A Society for Healthcare Epidemiology of America (SHEA) publicou uma atualização em 2023 de recomendações sobre prevenção de ITU-C [21]. Dentre as medidas, destacam-se:

  • Reavaliação constante da necessidade de cateter vesical de demora.
  • Colocação de cateter de forma estéril e por alguém treinado.
  • Considerar uso de cateterismo intermitente ou cateter externo em pacientes que necessitam de auxílio na micção.

Sobre a necessidade de troca rotineira da sonda vesical de demora, não há consenso na literatura. Alguns documentos recomendam troca a cada 4 a 12 semanas [4]. Outros consideram não haver evidência clara indicando benefício para a troca rotineira[19, 21]. Uma revisão da Cochrane de 2016 não encontrou evidência suficiente para fazer uma recomendação sobre o tema [22].

Em Tempo

Ceftriaxona para Prevenção de Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica

Criado em: 02 de Dezembro de 2024 Autor: Lucca Cirillo Revisor: Raphael Coelho

Pneumonia associada à ventilação mecânica ocorre com frequência em pacientes com doenças neurológicas agudas, como trauma cranioencefálico, AVC e hemorragia subaracnoidea [1]. O estudo PROPHY-VAP avaliou a profilaxia dessa condição com dose única de ceftriaxona após a intubação orotraqueal, publicado no Lancet em maio de 2024 [2]. Este tópico explora os achados do estudo e as repercussões para a prática.

Pneumonia associada à ventilação mecânica e lesão cerebral aguda

A pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) é definida como uma pneumonia nosocomial que se inicia após 48 horas de ventilação mecânica. Para diferenciar de um quadro que já estava presente antes da intubação, o paciente deve apresentar estabilidade dos parâmetros ventilatórios nos dois dias anteriores [3]. A PAV é a infecção nosocomial mais comum no paciente submetido à ventilação mecânica e uma das mais prevalentes na UTI [4].

O diagnóstico de PAV é difícil e os componentes dos critérios diagnósticos têm baixa especificidade [5]. A American Thoracic Society (ATS) e o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) propõem critérios próprios [3, 6] com alguns pontos de divergência. O critério da ATS adota uma abordagem mais pragmática e está resumido na tabela 1.

Tabela 1
Critérios diagnósticos de Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica da American Thoracic Society (ATS)
Critérios diagnósticos de Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica da American Thoracic Society (ATS)

Pacientes com lesão cerebral aguda, como trauma cranioencefálico ou acidentes vasculares, apresentam maior risco de PAV, quando comparados à população geral submetida à ventilação mecânica [1, 7]. Alguns fatores que contribuem para este aumento envolvem a disfunção glótica e microaspirações prévias à intubação, bem como um efeito imunodepressor secundário à lesão neurológica [7]. 

As principais estratégias para prevenção e tratamento de PAV podem ser vistas em "Prevenção de Pneumonia Hospitalar" e "Tratamento de Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica".

Estudo PROPHY-VAP

O PROPHY-VAP [2] avaliou o possível benefício de antibioticoprofilaxia com ceftriaxona para prevenção de PAV. O estudo foi multicêntrico em UTIs francesas, duplo-cego, randomizado e com grupo placebo. Pacientes com os seguintes critérios foram incluídos:

  • Lesão cerebral aguda: trauma crânioencefálico, acidente vascular encefálico ou hemorragia subaracnoide;
  • Escala de Coma de Glasgow menor ou igual a 12; 
  • Intubação orotraqueal (IOT) a menos de 12 horas, com expectativa de ventilação mecânica por mais de 48 horas; 
  • Idade maior ou igual a 18 anos;

Os principais critérios de exclusão foram IOT após 48 horas da admissão hospitalar; alteração neurológica por neoplasia, doença infecciosa ou pós-parada cardiorrespiratória; uso de antibióticos no momento da randomização e hospitalização no último mês.

A intervenção consistiu em uma dose única de 2 gramas de ceftriaxona por via intravenosa. O grupo placebo recebeu uma infusão salina.

O desfecho primário analisado foi a incidência de PAV precoce, definida no estudo como pneumonia entre o segundo e sétimo dia após a IOT. Os critérios da ATS (tabela 1) foram utilizados para definir PAV no estudo, com a exigência de três componentes (radiográfico, clínico e microbiológico). Veja algumas características na tabela 2.

Tabela 2
Características selecionadas do estudo PROPHY-VAP
Características selecionadas do estudo PROPHY-VAP

Durante 5 anos, mais de 300 pacientes foram randomizados. Houve diferença significativa no desfecho primário, favorecendo a intervenção. Os pesquisadores encontraram uma incidência de 14% de PAV precoce na intervenção e 32% no placebo (razão de risco 0,60; intervalo de confiança 95% 0,38 — 0,95, p = 0,030). Os desfechos secundários analisados também favoreceram o grupo ceftriaxona. A intervenção apresentou mais dias livres de antibiótico (21 contra 15 dias, p = 0,0001) e ventilação mecânica (9 contra 5 dias), bem como menor incidência de PAV geral (20 contra 36%) e mortalidade (15 contra 25%).

Nenhum efeito adverso grave foi atribuído à ceftriaxona e a proporção de infecção por C. difficile foi semelhante nos dois grupos. O protocolo do estudo incluiu as práticas recomendadas para prevenção de PAV e nenhum paciente recebeu descontaminação da orofaringe ou digestiva com antibioticoterapia tópica, oral e/ou endovenosa.

O que essa evidência acrescenta para a prática

A escolha de PAV como desfecho é considerada problemática por alguns autores [8], principalmente pelo baixo desempenho dos critérios diagnósticos [5]. O uso da ceftriaxona pode interferir na colonização bacteriana da via aérea, consequentemente impactando na positividade das culturas no grupo intervenção. Pacientes do grupo ceftriaxona com critérios clínicos e radiológicos, porém sem critério microbiológico, podem ter sido erroneamente classificados como sem PAV.

Não foi solicitada imagem pulmonar antes da randomização, o que não permite afastar diagnósticos de pneumonia prévios à intubação, também confundindo a análise dos casos de PAV. Pacientes internados por mais de 48 horas não foram representados no estudo e os achados se limitam a pacientes agudos. 

Os desfechos secundários são mais centrados no paciente e com achados de relevância clínica. A redução à exposição antimicrobiana e de dias em ventilação mecânica, sem aumento de eventos graves, favorece a intervenção com ceftriaxona. É improvável que os efeitos observados na redução de mortalidade sejam exclusivamente derivados da intervenção, uma vez que fatores confundidores que impactam na mortalidade não foram avaliados. 

Esta evidência se soma a outros trabalhos que já sinalizaram benefício de antibioticoprofilaxia para PAV em pacientes com doenças críticas neurológicas [9, 10]. A dose única de ceftriaxona é uma estratégia simples e acessível para tentar diminuir o risco de PAV. Ainda há necessidade de estudar o tempo ideal de profilaxia (dose única ou ciclo curto) e os efeitos em resistência antimicrobiana a longo prazo, principalmente nesta população vulnerável a infecções nosocomiais. 

Diretriz Americana de Infecção por Helicobacter pylori

Criado em: 02 de Dezembro de 2024 Autor: Marcela Belleza Revisor: João Mendes Vasconcelos

A Helicobacter pylori é uma bactéria gram negativa, presente em mais da metade da população de países em desenvolvimento, relacionada à doença ulcerosa péptica, carcinoma gástrico e linfoma de tecido linfoide associado a mucosa (MALT) [1, 2]. O American College of Gastroenterology publicou novas diretrizes de tratamento para H. pylori em setembro de 2024 [3]. Este tópico aborda os principais pontos da nova diretriz e do manejo dessa condição.

Doenças relacionadas à Helicobacter pylori

A infecção pela Helicobacter pylori é a infecção bacteriana crônica mais prevalente. No mundo, estima-se que 40% das pessoas tenham infecção por esse agente [4]. No Brasil, esse número pode chegar a 60% [5].

Possíveis manifestações da infecção crônica são dispepsia, gastrite crônica e doença ulcerosa péptica [2]. Consequências mais graves incluem as neoplasias, como o adenocarcinoma gástrico e o linfoma da zona marginal extranodal do tecido linfoide associado à mucosa (linfoma MALT). A associação entre infecção por H. pylori e doença do refluxo gastro-esofágico, esôfago de Barrett ou adenocarcinoma do esôfago não é consensual [2, 6]. 

A maioria das pessoas infectadas é assintomática. Quando ocorrem, os sintomas dispépticos são os mais comuns. 

A infecção por H. pylori pode causar manifestações extra-intestinais. Exemplos são a púrpura trombocitopênica imune e deficiências nutricionais, como deficiência de ferro e de vitamina B12 [2].

Quando e como diagnosticar infecção por H. pylori

A pesquisa de H. pylori não deve ser feita de rotina. As principais indicações são para pacientes sintomáticos e pessoas com risco de complicações, como câncer gástrico e hemorragia digestiva. A tabela 1 agrupa as indicações de pesquisa e tratamento para H. pylori. 

Tabela 1
Indicações de investigação e tratamento de H. pylori
Indicações de investigação e tratamento de H. pylori

Os testes para investigação da infecção são separados entre invasivos (com necessidade de endoscopia digestiva) e não invasivos. A escolha do método diagnóstico depende principalmente da necessidade de realização da endoscopia e da disponibilidade de cada exame (tabela 2) [7].

  • Métodos invasivos: indicados naqueles com dispepsia e sinais de alarme (anemia, perda ponderal, história de câncer gástrico) ou em pacientes com mais de 40 a 50 anos (limite de idade diverge entre diretrizes) [6, 7].
  • Métodos não invasivos: dispepsia sem sinais de alarme em pacientes com menos de 40 a 50 anos.
Tabela 2
Métodos diagnósticos para infecção de H. pylori
Métodos diagnósticos para infecção de H. pylori

Tratamento e controle de cura

A erradicação da H. pylori visa melhorar sintomas e prevenir complicações da infecção. Os esquemas terapêuticos associam supressão ácida e antibióticos. 

Uma novidade da diretriz do American College of Gastroenterology (ACG) de 2024 é a menção aos bloqueadores de ácido competitivos com potássio (P-CAB) como alternativa aos inibidores de bomba de prótons (IBP) entre os esquemas possíveis [3]. Veja mais no tópico "Vonoprazana para Helicobacter pylori".

Os esquemas antimicrobianos recomendados variam conforme o perfil de resistência local e a disponibilidade dos medicamentos [8]. Por este motivo, as diretrizes não são consensuais em relação aos tratamentos de primeira linha. Os esquemas possíveis estão agrupados na tabela 3

Tabela 3
Esquemas para erradicação de H. pylori
Esquemas para erradicação de H. pylori

A ACG recomenda a terapia quádrupla com bismuto como primeira linha de tratamento para H. pylori [3]. A duração do tratamento é de 14 dias. 

O consenso de Maastricht/Florença de 2022 indica que a escolha entre os esquemas deve ser feita com base na prevalência de resistência antimicrobiana. A terapia quádrupla com bismuto é a primeira escolha em áreas com alta resistência a claritromicina (> 15%) ou quando essa informação é desconhecida [7].

O consenso brasileiro de tratamento de H. pylori de 2018 coloca a terapia tripla com claritromicina como primeira opção [6]. A prevalência de resistência a claritromicina é heterogênea no país e algumas análises ainda demonstram taxas inferiores a 15% [9-15]. A resistência a metronidazol é superior a 50% no Brasil [16].

Alergia a penicilina pode limitar o uso de alguns esquemas com amoxicilina. As opções neste cenário estão sinalizadas na tabela 3. O tópico "Diretriz de Alergia a Penicilina" revisa o tema.

Todos os pacientes tratados devem ser avaliados quanto à cura da infecção. Para o controle de cura, são recomendados o teste da ureia respiratória, teste com antígeno fecal ou testes histopatológicos (biópsia). Testes sorológicos não devem ser usados como controle de tratamento. 

A confirmação de cura deve ser feita pelo menos quatro semanas após tratamento ou uso de qualquer antibiótico [7]. Os inibidores de bomba de prótons devem ser interrompidos pelo menos duas semanas antes do teste, pela possibilidade de falso negativo quando em uso do medicamento. Os P-CABs parecem produzir o mesmo efeito, porém as evidências são mais escassas [17].

Após um tratamento bem-sucedido, a taxa de reinfecção é inferior a 5% em um ano [18].

Nos pacientes que persistem com infecção ativa após um ciclo de tratamento, deve ser realizada outra tentativa de erradicação com um esquema diferente (tabela 3). As evidências não são consensuais sobre a preferência entre as opções de segunda linha. O esquema com P-CAB não é incluído como terapia para casos refratários por ausência de evidência até o momento [3].

O crescimento de resistência do H. pylori é uma preocupação crescente. Em 2017, a Organização Mundial de Saúde incluiu o H. pylori resistente à claritromicina na lista de prioridade para novos antibióticos. Uma estratégia para contornar este problema é o desenvolvimento de vacinas para prevenção da infecção. Já existem estudos com essa estratégia em andamento [19, 20].