Transfusão de Plaquetas Antes do Acesso Venoso Central

Criado em: 14 de Agosto de 2023 Autor: Luisa Sousa

A garantia da agregação plaquetária é essencial para a segurança de procedimentos como a passagem de cateter venoso central. Um estudo publicado no New England Journal of Medicine (NEJM) em maio de 2023 avaliou a transfusão de plaquetas antes da punção de um cateter venoso central [1]. Este tópico revisa as indicações e orientações na transfusão de plaquetas e traz os resultados do estudo.

Indicações da transfusão de plaquetas

As orientações para transfusão de plaquetas organizam as indicações de acordo com três cenários: pacientes com sangramento ativo; antes de procedimentos invasivos ou para prevenir sangramento espontâneo (veja tabela 1) [2-6].

Tabela 1
Indicações de transfusão de plaquetas
Indicações de transfusão de plaquetas

Púrpura trombocitopênica trombótica (PTT) e trombocitopenia induzida por heparina (HIT) são situações que consomem plaquetas aumentando o risco de sangramento. Ao mesmo tempo, o consumo de plaquetas nessas situações aumenta o risco de tromboses. A transfusão de plaquetas pode elevar o risco de tromboses nessas doenças, motivo pelo qual é relativamente contra-indicada. Se o paciente tem um sangramento ativo e plaquetopenia, mesmo nessas situações a transfusão está indicada e o auxílio de especialistas é recomendado [4].

Orientações para transfusão de plaquetas

O banco de sangue pode obter as plaquetas por aférese ou pelo derivado de sangue total. A capacidade hemostática é semelhante entre os métodos; a vantagem da aférese é receber de um único doador, reduzindo os riscos de incompatibilidade e reações transfusionais [6].

Ao solicitar a transfusão de plaquetas, a quantidade é estabelecida pelo método que as plaquetas foram coletadas. Nas plaquetas adquiridas por aférese, uma unidade é a dose habitual. Quando as plaquetas são retiradas do sangue total, a dose é de uma unidade do derivado de sangue total a cada 10 kg de peso corporal. Isso corresponde a 4 a 6 unidades de plaquetas [2, 4].

Nos dois métodos, os leucócitos estão juntos das plaquetas. Isso propicia a transmissão do citomegalovírus (CMV), reação transfusional febril não hemolítica e aloimunização de anticorpos por incompatibilidade do antígeno leucocitário humano (HLA). Para minimizar esses riscos, pode-se realizar a filtragem do componente, reduzindo a quantidade de leucócitos (leucorredução) [7, 8]. Mesmo com a filtragem, alguns leucócitos permanecem e podem causar doença do enxerto versus hospedeiro - leucócitos do doador reagindo com o paciente que recebeu o componente. A irradiação do componente reduz esse risco e está indicada para pacientes imunossuprimidos [9].

O estudo PACER

O risco de sangramento na punção de cateter venoso central (CVC) reduziu após a adoção do ultrassom para guiar o procedimento, mas ele ainda existe, especialmente quando há plaquetopenia. Recomenda-se transfusão profilática de plaquetas antes da punção quando a plaquetometria é menor que 20.000 a 50.000/microL, porém com evidência de baixa qualidade.

O estudo PACER avaliou se evitar a transfusão profilática antes de um CVC em pacientes com plaquetopenia resultaria em um aumento significativo de sangramentos. O trabalho foi de não inferioridade, recrutando pacientes em dez hospitais dos Países Baixos [1]. Os pacientes estavam internados em UTI ou na enfermaria de hematologia e deviam ter plaquetometria entre 10.000 e 50.000/microL. Os participantes eram randomizados para receber ou não concentrado de plaquetas antes da punção de CVC. Todos os procedimentos foram guiados por ultrassonografia e os médicos deviam ter histórico de pelo menos 50 inserções de CVC.

O desfecho primário avaliado foi sangramento graus 2 a 4 (vide tabela 2) dentro das 24 horas após a colocação do CVC. A margem de não inferioridade proposta foi de um aumento de 2,5% absoluto no risco de sangramento, o que determina um risco relativo de até 3,5. Essa margem de não inferioridade de 3,5 foi proposta com base em um trabalho de transfusão profilática de plasma [10].

Tabela 2
Graduação de sangramento associado à cateter venoso central
Graduação de sangramento associado à cateter venoso central

A análise final foi com 373 passagens de CVC. O desfecho primário ocorreu em 4,8% no grupo transfusão e 11,9% no grupo sem transfusão, com risco relativo de 2,45 (intervalo de confiança 1,27 a 4,70). Como a margem superior do intervalo de confiança (4,7) ultrapassou a margem de não inferioridade de 3,5, não foi possível estabelecer a não inferioridade da estratégia de evitar transfusões profiláticas.

Não houve sangramento grau 4 em nenhum grupo. Sangramentos grau 3 ocorreram menos no grupo transfusão (2,1% vs. 4,9%) com risco relativo de 2,43 (IC 0,75 a 7,93). A mortalidade foi semelhante entre os grupos.

Mais de um terço das punções foram feitas na veia subclávia, um sítio costumeiramente evitado em pacientes com coagulopatia. Pelos resultados, esse sítio parece ter tido uma influência importante nos sangramentos. Não foram necessários procedimentos cirúrgicos ou radiológicos para conter os sangramentos grau 3. Outro ponto é a análise conjunta de pacientes da hematologia e UTI, sendo que pacientes da hematologia tendem a sangrar com níveis plaquetários mais altos por conta de outros distúrbios hemostáticos.

Os autores sugerem cautela ao interpretar os resultados. Recomendam transfusão profilática em plaquetometria menor que 30.000/microL, especialmente nos pacientes da hematologia. Já nos pacientes de UTI, níveis de plaquetometria mais baixos podem ser tolerados, já que sangram menos e estão em um ambiente mais observado. A passagem de cateteres tunelados (por exemplo permcath) exige níveis mais altos, já que tendem a sangrar mais.

Quando Iniciar Anticoagulação de Fibrilação Atrial Após AVC?

Criado em: 14 de Agosto de 2023 Autor: João Urbano

Nos pacientes com fibrilação atrial, os anticoagulantes são a principal medida para prevenir eventos embólicos. O momento ideal de início da anticoagulação após um AVC nestes pacientes não é claro. Em junho de 2023 um estudo publicado no New England Journal of Medicine buscou responder este questionamento [1]. Este tópico revisa o tema e traz os resultados do trabalho.

Investigação da causa do AVC

As causas de um acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi) podem ser agrupadas da seguinte maneira [2]:

  • Aterosclerose de grandes vasos: lesões isquêmicas em território vascular de artéria intra ou extracraniana que esteja ocluída ou possua estenose superior a 50% de seu lúmen. Devem ser excluídas causas cardioembólicas.
  • Cardioembólico: lesões secundárias a embolias - de origem cardíaca, em sua maioria. Podem ocorrer em mais de um território cerebral.
  • Doença de pequenos vasos (lacunar): lesões isquêmicas menores de 1,5 cm em exames de imagem (tomografia, ressonância magnética).
  • Outras causas: causas mais raras de AVC que podem ser diagnosticadas com investigação direcionada para a suspeita. Vasculites e doenças hematológicas são exemplos dessa categoria.
  • Criptogênico (ou sem causa determinada): lesão compatível com AVCi, sem causa definida após investigação adequada ou com mais de um mecanismo identificado.

A causa do AVC deve ser investigada em todos os pacientes. São avaliadas quatro características: perviedade dos vasos; ritmo cardíaco; presença de doença estrutural cardíaca; exames laboratoriais. Em alguns casos, mais de um mecanismo é identificado. A calculadora do Causative Classification System (CCS) for Ischemic Stroke pode auxiliar na tomada de decisão neste cenário.

Estudo de vasos

Investigação de estenoses e alterações estruturais dos vasos. Os exames mais utilizados são a angiotomografia arterial de vasos cervicais e intracranianos e o Doppler de carótidas.

Figura 1
Dissecção de carótida interna em exame de angiotomografia arterial de vasos cervicais
Dissecção de carótida interna em exame de angiotomografia arterial de vasos cervicais

As principais condições associadas a AVC detectadas por essa etapa são a aterosclerose (de aorta, vasos cervicais e intracranianos) e a dissecção de vasos cervicais (figura 1).

Outra alteração diagnosticada pelo estudo de vasos é a membrana carotídea (carotid web). Essa condição é considerada uma variação intimal da displasia fibromuscular. É identificada como uma pequena invaginação localizada na camada íntima da parede posterior da carótida interna, logo após o bulbo carotídeo (figura 2).

Figura 2
Membrana carotídea em imagem de angiotomografia arterial de vasos cervicais
Membrana carotídea em imagem de angiotomografia arterial de vasos cervicais

Estudo de ritmo

Todo paciente em atendimento agudo de AVC deve ter um eletrocardiograma. Podem ser detectadas alterações de ritmo, sobrecargas e presença de bloqueios cardíacos (de ramos ou atrioventriculares). Também é recomendado um estudo de ritmo (Holter) de ao menos 24 horas para detecção de fibrilação atrial ou outras arritmias paroxísticas em pacientes sem mecanismo identificado em investigação inicial.

Investigação estrutural cardíaca

O ecocardiograma transtorácico é o exame inicial para buscar disfunções sistólicas, trombos cavitários e sinais indiretos de instabilidade de ritmo (como volume atrial aumentado). Comunicações intercavitárias, como o forame oval patente (FOP), também podem ser identificadas pelo exame. Mais detalhes sobre diagnóstico e manejo de pacientes com FOP foram discutidos no episódio 185: foram oval patente.

Exames laboratoriais

Hemograma, glicemia, hemoglobina glicada, perfil lipídico, coagulograma e função renal devem ser solicitados para a documentação de fatores de risco.

Como manejar a anticoagulação após AVC por FA?

A anticoagulação é a base da prevenção do AVCi nos pacientes com fibrilação atrial (FA). Após um evento agudo, existe o risco de transformação hemorrágica do AVC (sangramento na área isquêmica). O melhor momento de iniciar um anticoagulante em pacientes com FA deve equilibrar o risco desta complicação com a possibilidade de recorrência do AVCi.

As recomendações atuais sobre o assunto são conflitantes. As principais diretrizes estão listadas abaixo, e trazem orientações divergentes:

  • American Heart Association e American Stroke Association, 2019 [3]: sugerem ser razoável iniciar anticoagulação entre 4 e 14 dias após o evento.
  • European Society of Cardiology, 2020 [4]: Recomenda iniciar anticoagulação “o mais breve possível” de acordo com risco neurológico.
  • European Heart Rhythm Association, 2021 [5]: o início da anticoagulação depende da gravidade do AVC, como mostra o fluxograma 1.

Algumas sociedades, como a Organização Europeia de AVC (ESO), não realizam recomendações sobre o tema [6].

Fluxograma 1
Uso de anticoagulantes orais diretos (DOAC) em pacientes com AIT ou AVCi e fibrilação atrial
Uso de anticoagulantes orais diretos (DOAC) em pacientes com AIT ou AVCi e fibrilação atrial

O fluxograma 1 apresenta uma sugestão de manejo da anticoagulação em pacientes com FA após AVCi.

O que o estudo acrescenta?

O ELAN foi um estudo multicêntrico, randomizado, que comparou estratégias de anticoagulação precoce ou tardia com anticoagulantes orais diretos (DOAC) em pacientes com AVCi e FA não valvar [1].

O desfecho primário avaliado foi composto de eventos trombóticos (recorrência de AVC e embolia sistêmica) e hemorrágicos (sangramento intracraniano sintomático, sangramento sistêmico maior e morte por causa vascular em 30 dias). O estudo não foi desenhado para análise de superioridade ou não inferioridade, mas sim para fornecer estimativas e análises de segurança e eficácia.

Tabela 1
Critérios para início de anticoagulação
Critérios para início de anticoagulação

O momento para início da anticoagulação dependia da classificação do AVC, conforme descrito na tabela 1. A escolha por uma classificação de acordo com o acometimento radiológico é um ponto forte do estudo, uma vez que outras escalas de classificação podem ser menos acuradas. A National Institutes of Health Stroke Scale (NIHSS), por exemplo, depende de sintomas que são influenciados pela localização e lateralidade da lesão. As definições utilizadas no estudo estão detalhadas na tabela 2.

Tabela 2
Definições de extensão do AVC utilizadas pelo estudo
Definições de extensão do AVC utilizadas pelo estudo

Foram randomizados cerca de dois mil pacientes, com mediana de idade de 77 anos e mediana do escore CHA2DS2-VASc de cinco pontos. A escala de NIHSS mediana à admissão foi de 5, indicando que foram selecionados pacientes com menor acometimento cerebral.

O desfecho primário após trinta dias não diferiu estatisticamente entre os grupos, ocorrendo em 2,9% dos pacientes no grupo precoce e 4,1% no grupo tardio (odds ratio de 0,7 com intervalo de confiança 95% de 0,44 a 1,14). A incidência de sangramento intracraniano sintomático foi igual nos dois grupos (0,2%). Um novo AVCi em 90 dias ocorreu em 1,9% dos pacientes do grupo precoce e 3,1% do grupo tardio.

Apesar de não ser desenhado para demonstrar superioridade ou não inferioridade, o estudo reforça a segurança da anticoagulação precoce após um AVCi nos pacientes com fibrilação atrial.

Tratamento de Acne e Uso de Espironolactona

Criado em: 14 de Agosto de 2023 Autor: Raphael Coelho

Acne é a principal causa de visitas a dermatologistas no Brasil. O tratamento pode envolver medicações tópicas ou sistêmicas. O estudo The Spironolactone for Adult Female Acne (SAFA), publicado em maio de 2023 no British Medical Journal, avaliou o uso da espironolactona para tratamento de acne em mulheres [1]. Este tópico revisa a doença e traz os resultados do estudo.

O que é acne?

É uma doença inflamatória da unidade pilossebácea. As lesões primárias são as pápulas, pústulas, nódulos e comedões, que se distribuem principalmente pela face, mas também pela região de dorso, tórax e ombros.

As causas são multifatoriais e têm relação com o aumento da produção de sebo, hiperqueratinização do infundíbulo folicular, inflamação e presença do Cutibacterium acnes (antigo Propionibacterium acnes). Alguns medicamentos como fenitoína, lítio, corticoides e contraceptivos hormonais predispõem à acne. O hiperandrogenismo e a síndrome dos ovários policísticos (SOP) aumentam o risco da doença.

A acne afeta 85% das pessoas entre 12 e 25 anos e pode persistir nos adultos. Os impactos psicológicos são semelhantes aos de outras doenças crônicas como epilepsia, artrite e asma. Ansiedade, baixa auto-estima e depressão são mais frequentes nessa população, bem como as taxas de desemprego são maiores [2].

Como tratar a acne?

Todos os pacientes com acne devem receber quatro orientações de cuidado com a pele (skin care) [3]:

  • Usar sabonetes adequados (não alcalinos) para lavar o rosto, duas vezes ao dia.
  • Evitar utilizar maquiagem ou protetor solar com base oleosa e comedogênica.
  • Sempre remover os produtos da pele ao final do dia.
  • Não coçar ou mexer nas lesões do rosto.

Não existe consenso sobre a classificação da gravidade da acne. O número de lesões e a intensidade da inflamação devem ser considerados.

Para acne leve a moderada, são recomendadas combinações de medicamentos tópicos. O peróxido de benzoíla pode ser associado ao adapaleno, tretinoína ou clindamicina nesses pacientes. A tabela 1 reúne as opções de tratamento tópico [2-6].

Tabela 1
Tratamento tópico da acne
Tratamento tópico da acne

Casos de acne moderada a grave são tratados com medicamentos orais. Um antibiótico oral deve ser associado (tabela 2) ou utilizar isotretinoína (retinoide sistêmico) isoladamente. É contraindicado o uso concomitante da isotretinoína com tetraciclinas pelo risco de hipertensão intracraniana.

Tabela 2
Antibióticos orais para tratamento de acne
Antibióticos orais para tratamento de acne

A resposta ao tratamento com antibióticos ocorre nas primeiras 12 semanas. A terapia deve ser reavaliada após esse período e os antibióticos orais não devem ser mantidos por mais de quatro meses, pelo risco de resistência bacteriana. Não é recomendada associação de antibióticos (tópicos e sistêmicos).

Outros tratamentos sistêmicos são o uso de anticoncepcionais orais combinados e espironolactona, um diurético poupador de potássio com ação antiandrogênica.

Quando e como indicar isotretinoína?

Casos de acne moderada a grave que não responderam a outras terapias podem ser manejados com isotretinoína, um retinoide sistêmico que age em todos os mecanismos fisiopatológicos da doença. Os efeitos adversos mais comuns são a queilite, ressecamento da pele, olhos e mucosa nasal. Também pode causar alopecia, granuloma piogênico, fotossensibilidade, artralgias, mialgias, cefaléia, anorexia, insônia e irritabilidade.

A isotretinoína é teratogênica. Durante o tratamento em mulheres férteis deve haver garantia de contracepção efetiva. Existe também o risco de dislipidemia e hepatite medicamentosa, sendo recomendado acompanhamento do perfil lipídico e marcadores de necrose hepática.

Um estudo de 2023 encontrou um aumento do risco de ideação suicida em pacientes em uso de isotretinoína, em comparação com antibióticos orais. Não houve aumento no risco de tentativa de suicídio ou depressão maior [7].

O Consenso Brasileiro de Dermatologia de 2020 recomenda a prescrição de 0,5 a 1 mg/kg/dia, ingerida após as refeições. Pode ser feito em duas tomadas para redução de efeitos colaterais [8]. O uso deve ser contínuo por dois a quatro meses após resolução das lesões. O uso intermitente é menos eficaz e não é recomendado. Para acne moderada, podem ser prescritas doses baixas (0,1 a 0,5 mg/kg/dia, chegando até 5 mg/dia), por até 18 meses.

A portaria de número 1159 do ministério da saúde traz as informações necessárias para prescrição desse medicamento no SUS. Os termos de consentimentos podem ser encontrados nos links (Termo de Conhecimento de Riscos e Consentimento para Mulheres em Idade Fértil e Termo de Consentimento Informado para Todos os Pacientes).

Espironolactona no tratamento de acne

O estudo The Spironolactone for Adult Female Acne (SAFA) avaliou a espironolactona como uma opção de tratamento da acne [1]. O objetivo de pesquisar outros medicamentos orais para tratamento de acne é ampliar as opções terapêuticas e evitar o uso de antimicrobianos orais. A acne é a principal causa de exposição a antibióticos na Inglaterra em indivíduos entre 11 e 21 anos.

O SAFA foi um ensaio clínico randomizado, duplo cego e multicêntrico. As pacientes foram recrutadas da atenção primária e tinham indicação de tratamento sistêmico, conforme avaliação dos pesquisadores. No total 13% tinham acne grave.

Foram incluídas 413 mulheres randomizadas para placebo ou espironolactona 50 mg ao dia por 6 semanas, seguido de 100 mg ao dia por até 6 meses. O desfecho primário foi a mudança nos sintomas relacionados a acne, medida em uma escala de qualidade de vida (acne-QoL) em 12 semanas da intervenção. Outros desfechos incluíram perguntas sobre autopercepção, impacto emocional e social, além da gravidade da acne avaliada pelos pesquisadores.

Após 24 semanas, a espironolactona melhorou todos os desfechos estudados. O número necessário para tratar foi de 5 para o relato pessoal de melhora da acne.

Os resultados foram independentes da suspeita da paciente ter síndrome de ovários policísticos. A adesão à espironolactona foi semelhante ao placebo, sugerindo que foi bem tolerada. O estudo sugere que o uso de espironolactona pode reduzir a prescrição de antibióticos orais em mulheres que permanecem com acne apesar do tratamento tópico.