Tratamento de Angina Estável

Criado em: 15 de Janeiro de 2024 Autor: Pedro Rafael Del Santo Magno

Uma das principais indicações de angioplastia em pacientes com doença coronariana crônica é a persistência de angina. No entanto, ainda existem dúvidas sobre a efetividade do procedimento no controle de sintomas. O estudo ORBITA-2, publicado pelo New England Journal of Medicine em dezembro de 2023, avaliou a eficácia da angioplastia no manejo de angina [1]. Esta edição do Guia revisa a terapia antianginosa na doença coronariana crônica e traz os detalhes do estudo.

Terapia medicamentosa inicial para angina estável

O tratamento da angina estável envolve terapias medicamentosas, não-medicamentosas e angioplastia coronariana. O objetivo da terapia medicamentosa é reduzir a angina sem descompensar a doença de base e com o mínimo de efeitos adversos possíveis.

A primeira escolha medicamentosa nesse cenário são os betabloqueadores, que reduzem a demanda miocárdica por oxigênio. Uma meta-análise com 72 estudos evidenciou que os betabloqueadores resultam em menos episódios de angina durante o dia. Pacientes em uso de betabloqueadores apresentam menos descontinuação da droga em comparação a outros antianginosos [2]. A dose do betabloqueador deve ser otimizada até que a frequência cardíaca do paciente atinja 55 a 60 bpm [3].

Os bloqueadores de canais de cálcio (BCC) possuem efeitos similares aos betabloqueadores no manejo de angina, sendo também drogas de escolha nesse cenário. Em pacientes com angina estável e disfunção ventricular esquerda, deve-se escolher um BCC di-hidropiridínico (como o anlodipino), uma vez que os não di-hidropiridínicos (verapamil e diltiazem) podem piorar o desempenho ventricular [4].

Após betabloqueadores e BCC, a próxima opção são nitratos de longa ação. Quando eles são adicionados a um betabloqueador ou BCC, o paciente apresenta menor número de episódios de angina e redução da necessidade de nitrato de resgate.

Tabela 1
Medicamentos antianginosos
Medicamentos antianginosos

A resposta aos medicamentos deve ser avaliada em duas a quatro semanas [3]. As doses e detalhes dos medicamentos antianginosos estão na tabela 1.

Terapia medicamentosa em pacientes refratários

Existe incerteza sobre a melhor opção medicamentosa em pacientes refratários ou naqueles com contraindicação ou intolerância aos betabloqueadores, BCCs e nitratos.

A trimetazidina foi estudada em 2020 no trabalho ATPCI em pacientes que apresentavam angina após angioplastia coronariana [5]. O estudo não mostrou benefício na redução da dor. Isso colocou em dúvida o seu efeito sobre a angina.

A diretriz da American Heart Association recomenda a ranolazina, um inibidor seletivo da corrente de entrada tardia de sódio. Essa medicação possui evidência de redução de episódios de angina e é aprovada para esse uso [6].

A diretriz europeia coloca como terapias possíveis a ivabradina, trimetazidina e alopurinol [3]. A ivabradina é indicada principalmente para pacientes que não atingem a frequência cardíaca alvo com betabloqueador. O alopurinol possui estudos que sugerem algum benefício em episódios de angina, porém mais trabalhos são necessários para encontrar o papel dessa medicação [7].

Além das medicações antianginosas, o paciente com coronariopatia crônica também deve receber terapia antitrombótica e estatina. Veja mais na revisão sobre a diretriz de doença coronariana crônica de 2023.

Qual o papel da angioplastia no tratamento de angina estável?

Os três principais estudos que avaliaram o papel da angioplastia no paciente com angina estável são COURAGE, ISCHEMIA e ORBITA-1.

O estudo COURAGE foi publicado em 2007 e incluiu 2287 pacientes com angina estável e estenose superior a 70% em alguma coronária à cineangiocoronariografia [8]. Esse trabalho comparou a realização de angioplastia versus terapia medicamentosa e não encontrou diferença em morte ou eventos cardiovasculares. Os pacientes randomizados para cateterismo apresentaram menores taxas de angina após o procedimento.

O ISCHEMIA foi publicado em 2020 randomizando 5179 pacientes para abordagem invasiva (angioplastia ou revascularização cirúrgica) ou tratamento clínico exclusivo da doença coronariana crônica [9]. Foram excluídos pacientes com estenose de tronco coronariano à angiotomografia. Os demais critérios de inclusão eram semelhantes ao COURAGE. O ISCHEMIA também não demonstrou diferença em mortalidade ou incidência de eventos cardiovasculares entre realizar angioplastia ou manter terapia medicamentosa exclusiva. Assim como no COURAGE, os pacientes que realizaram angioplastia apresentaram menores taxas de angina após o procedimento.

Uma das dúvidas geradas por esses estudos é se o cateterismo pode ter reduzido a angina por um efeito placebo, não necessariamente pelo efeito da angioplastia. O ORBITA-1, publicado em 2017, randomizou 200 pacientes com estenose coronariana superior a 70% para o procedimento de cateterismo [10]. Apenas o grupo intervenção realizava a angioplastia, enquanto o grupo controle realizava um procedimento placebo, sem intervenção coronariana. Ambos os grupos receberam terapia antianginosa otimizada. Não houve diferença no desfecho primário entre os grupos, tendo sido avaliado o tempo de exercício até angina.

Após o ORBITA-1, restava a dúvida se os medicamentos antianginosos, utilizados por ambos os grupos, poderiam ter minimizado o benefício da angioplastia no grupo intervenção. Nesse contexto foi idealizado o ORBITA-2, sem medicamentos antianginosos.

O que o estudo ORBITA-2 acrescenta?

O ORBITA-2 é um ensaio clínico randomizado que avaliou se a angioplastia coronariana reduz sintomas em pacientes com angina estável que não estavam em uso de terapia antianginosa [1]. O grupo placebo realizava cateterismo, porém não realizava a angioplastia. Fones de ouvido eram fornecidos para que o paciente não ouvisse nada que pudesse prejudicar o cegamento.

Os pacientes ficavam pelo menos duas semanas sem nenhuma terapia antianginosa, para confirmar a presença de sintomas antes da randomização. Medicações para insuficiência cardíaca que apresentam benefício em mortalidade, como betabloqueadores, eram mantidas. Todos os pacientes realizaram testes para a documentação de isquemia.

O desfecho primário foi redução de angina, avaliado através de um escore que ia de 0 a 79 pontos. O escore leva em conta o número de episódios de angina por dia, a necessidade de medicações para controle de sintomas e eventos clínicos.

Com 301 pacientes randomizados, o trabalho seguiu os participantes por 12 semanas após a randomização. O grupo intervenção teve menores taxas de angina do que o grupo controle - média de escore de angina no grupo intervenção de 2,9 vs 5,6 no controle. Esse grupo também teve melhores escores de qualidade de vida e de tempo de exercício. A média de frequência diária de angina foi 0,3 na intervenção e 0,7 no controle. Alguns pacientes mantiveram angina pós angioplastia, podendo ser atribuída a outros mecanismos, como doença microvascular.

O tempo de seguimento dos pacientes pode ser considerado curto para avaliar eventos adversos, especialmente relacionados à dupla antiagregação plaquetária indicada aos pacientes submetidos à angioplastia.

Apesar dos resultados do ORBITA-2, a indicação da angioplastia na doença coronariana crônica parece restrita ao manejo dos sintomas. Outros estudos não demonstraram benefícios em mortalidade ou incidência de eventos cardiovasculares com a intervenção.

O ORBITA-2 pode embasar a decisão pela angioplastia em pacientes que possuem contraindicações aos medicamentos antianginosos ou que preferem realizar o procedimento em decisão compartilhada.

Diagnóstico de Infecção pelo Clostridioides difficile

Criado em: 15 de Janeiro de 2024 Autor: Luisa Sousa

A infecção pelo Clostridioides difficile (ICD, previamente chamado de Clostridium difficile) é um problema cada vez mais comum. Em setembro de 2023 foi publicado no JAMA o trabalho Multistep Testing Algorithms for Clostridioides difficile Infection, parte da série JAMA Diagnostic Test Interpretation [1]. Este tópico revisa o diagnóstico dessa doença.

O que é a infecção pelo Clostridioides difficile (ICD)

O C. difficile é um bacilo anaeróbio gram-positivo que se prolifera no trato intestinal humano quando há desequilíbrio da flora intestinal. Isso ocorre habitualmente como uma consequência do uso de antibióticos. A colonização - presença assintomática do organismo no intestino - ocorre em até 21% dos pacientes hospitalizados [2]. Fora do intestino, o bacilo fica na sua forma de esporo e sobrevive fora do cólon, resistindo ao calor [3, 4].

Para prevenir novas infecções deve-se realizar a precaução de contato em pacientes infectados. Em caso de surtos, preferir a higienização com água e sabão pela maior eficácia de remover os esporos [2, 4, 5].

Dentro do intestino, a forma vegetativa do bacilo produz as toxinas A e B, causadoras da diarreia da ICD. As fezes costumam ser amolecidas com mais de três evacuações em um dia, às vezes com sangue e muco. Sintomas que podem aparecer no processo infeccioso são febre, hiporexia e dor no abdome inferior [2].

Tabela 1
Classificação clínica da infecção por Clostridioides difficile
Classificação clínica da infecção por Clostridioides difficile

Sinais de gravidade são a presença de leucocitose maior que 15.000 células/microL ou creatinina sérica maior que 1,5 mg/dL [6]. A apresentação mais grave é a colite fulminante. Apesar de rara (menos de 5% dos casos), tem alta mortalidade (35-50%) e é caracterizada pela presença de íleo paralítico, megacólon e instabilidade hemodinâmica [5].

Fatores predisponentes à ICD

O fator de risco clássico é a exposição aos antibióticos. A clindamicina foi o antibiótico com maior risco para colite pseudomembranosa em um estudo de caso controle com cerca de 160 mil casos [7]. Outros antibióticos associados são as cefalosporinas de 3º e 4º geração, os carbapenêmicos e as fluoroquinolonas [5, 7].

Colonização pelo C. difficile também é fator de risco para ICD, assim como infecção prévia. Recorrência pode ocorrer em até 25% dos pacientes e é definida pelo ressurgimento dos sintomas e um teste positivo 2 a 8 semanas após um episódio de ICD confirmada e tratada adequadamente [8].

Mais de 80% dos casos de ICD têm exposição prévia aos cuidados de saúde e a hospitalização, mas existem casos sem esses fatores. Outro fator que aumenta o risco são doenças crônicas, em especial doença inflamatória intestinal, hepatopatia, nefropatia e câncer [5].

Um grupo especial de pacientes com maior incidência de ICD são os transplantados de órgãos sólidos. Nesses pacientes, a pesquisa do C. difficile deve ser realizada no contexto de diarreia independente do uso prévio de antibióticos e de internação. A prevalência chega a ser cinco vezes maior em relação à população geral [9, 10]. Os transplantados de células hematopoéticas também têm uma maior prevalência de ICD, com incidência até nove vezes maior que a população geral.

Testes diagnósticos para ICD

Os testes diagnósticos para infecção pelo C. difficile podem ser organizados pelas suas sensibilidades e especificidades. O PCR e o antígeno glutamato desidrogenase (GDH) têm alta sensibilidade e demonstram a presença do C. difficile, sem diferenciar infecção de colonização. O PCR identifica apenas cepas toxigênicas, tendo assim mais especificidade que o antígeno GDH. Já as toxinas A e B marcam a infecção ativa e têm alta especificidade, mas menor sensibilidade (tabela 2). Pacientes assintomáticos não devem ser testados pela possibilidade de serem colonizados resultando em tratamentos desnecessários.

Tabela 2
Características dos testes diagnósticos para Clostridioides difficile
Características dos testes diagnósticos para Clostridioides difficile

O artigo do JAMA discute sobre a estratégia de múltiplas etapas para diagnóstico de ICD, que envolve um teste de triagem seguido de um teste de confirmação. Os testes de triagem inicial devem ter alta sensibilidade e alto valor preditivo negativo para excluir a infecção caso o resultado seja negativo. Tanto GDH quanto PCR podem ser usados como testes iniciais, mas o GDH é mais disponível e tem menor custo. Quando o teste de triagem é positivo, a certeza do diagnóstico de infecção ativa deve ser feita pelo teste específico de detecção das toxinas A e B [2, 8]. Essa estratégia é recomendada pelas diretrizes americana de 2018 e europeia de 2016 [5, 11]. Uma adaptação dos algoritmos propostos está no fluxograma 1.

Fluxograma 1
Algoritmo para diagnóstico de infecção por Clostridium difficile
Algoritmo para diagnóstico de infecção por Clostridium difficile

Com o uso dessa estratégia, há três cenários possíveis:

  • Teste de triagem (GDH ou PCR) negativo: exclui ICD
  • Teste de triagem (GDH ou PCR) e teste de confirmação (toxina A e B) positivos: confirma ICD
  • Teste de triagem (GDH ou PCR) positivo e teste de confirmação (toxina A e B) negativo: resultado indeterminado

A interpretação do terceiro cenário é diferente a depender do teste usado inicialmente.

Resultado indeterminado com teste de triagem GDH: nesse cenário o paciente pode ter ICD e a produção de toxina estar abaixo do nível de detecção do teste de toxinas ou o teste identificou colonização por Clostridiodes e a diarreia tem outra causa. O PCR, quando disponível, pode ajudar nesses casos. Se PCR negativo, está excluído ICD, indicando uma provável colonização por cepa não toxigênica. Caso o PCR seja positivo, isso pode indicar ICD ou colonização por cepa toxigênica. Nesse caso, a decisão de tratamento deve ser individualizada, considerando a probabilidade e os riscos da infecção.

Resultado indeterminado com teste de triagem PCR: como descrito acima, esse resultado pode indicar ICD ou colonização por cepa toxigênica. Existe a possibilidade de realização de cultura específica para Clostridiodes, mas sua disponibilidade é baixa. A decisão de tratamento é individualizada e o tratamento deve ser considerado a depender da suspeita clínica.

Por último, em casos selecionados, a colonoscopia pode ser realizada para identificar a presença de colite pseudomembranosa.

Investigação de Eosinofilia - Diretriz Francesa de 2023

Criado em: 15 de Janeiro de 2024 Autor: Ingrid Fröehner

Eosinofilia é um achado laboratorial que pode representar doenças graves e diversas. Existem poucas referências para guiar a investigação desses pacientes. Este tópico revisa a diretriz francesa de eosinofilia de 2023 [1].

Eosinofilia, hipereosinofilia e síndrome hipereosinofílica: quais as diferenças?

O aumento de eosinófilos se classifica em três categorias: eosinofilia, hipereosinofilia e síndrome hipereosinofílica. Essa classificação orienta a investigação etiológica e o tratamento.

  • Eosinofilia: eosinófilos no sangue periférico entre 500-1500/μl.
  • Hipereosinofilia (HE): eosinófilos acima de 1500/μl em duas medidas com um mês de intervalo e/ou a presença de eosinofilia tecidual.
  • Síndrome hipereosinofílica (SHE): hipereosinofilia no sangue E disfunção orgânica causada por eosinofilia tecidual. A confirmação (outro exame com um mês de intervalo) não é necessária nos casos graves.

A disfunção orgânica causada pela infiltração eosinofílica nos tecidos é um critério para SHE, mas a confirmação histológica não é necessária. É possível inferir que a disfunção orgânica é uma consequência da eosinofilia se ambas ocorrerem ao mesmo tempo, viabilizando o diagnóstico de SHE.

Como é a investigação inicial da eosinofilia?

Pacientes graves

Pacientes graves necessitam de tratamento imediato, em paralelo com a investigação etiológica. Miocardite, insuficiência respiratória aguda, envolvimento neurológico, trombose venosa ou arterial e outras situações ameaçadoras à vida são indicações de pulsoterapia com corticoide enquanto os resultados de exames estão pendentes. Uma exceção é a suspeita de SHE por estrongiloidíase grave, situação em que a pulsoterapia é contraindicada.

Caso o paciente não se encontre nas situações acima, é possível dividir a abordagem em eosinófilos entre 500-1500/μl e acima de 1500/μl.

Eosinófilos 500-1500/μl

As causas mais comuns de eosinofilia entre 500-1500/mcl são atopia e infecções parasitárias que não têm ciclo tecidual, por exemplo Enterobius vermicularis. Em pacientes de áreas endêmicas, o tratamento empírico de parasitoses deve ser considerado. Caso existam evidências claras de uma condição atópica, a investigação não requer exames adicionais.

Eosinófilos acima de 1500/μl

A investigação etiológica deve focar em drogas e parasitas com ciclo tecidual.

No caso de medicamentos, a eosinofilia tipicamente ocorre duas a oito semanas após o início da medicação. As drogas mais comumente envolvidas são AINE, anticonvulsivantes, antibióticos, sulfonamidas e alopurinol. Pode haver exantema nesses casos.

Caso não haja uma droga suspeita, deve-se buscar causas infecciosas, especialmente parasitas. A detecção de parasitas se baseia principalmente em sorologias. A tabela 1 mostra os principais parasitas e o padrão de eosinofilia.

Tabela 1
Parasitoses e eosinofilia
Parasitoses e eosinofilia

Outras infecções podem estar associadas à hipereosinofilia, como HIV e HTLV 1. Doenças por protozoários como malária, leishmaniose, amebíase e tripanossomíase devem ser investigadas em áreas endêmicas. Quando a investigação for negativa, o tratamento empírico de parasitas pode ser considerado.

Investigação adicional de hipereosinofilia

Tabela 2
Exames para hipereosinofilia persistente
Exames para hipereosinofilia persistente

Hipereosinofilia que persiste após a investigação de drogas e parasitas requer uma procura mais detalhada da causa. A diretriz sugere alguns exames básicos que devem ser solicitados em todos os casos, conforme a tabela 2. Na presença de sinais de acometimento de um órgão específico, a investigação segue conforme a tabela 3.

Tabela 3
Principais acometimentos da hipereosinofilia por sistemas e investigação
Principais acometimentos da hipereosinofilia por sistemas e investigação

Hipereosinofilia persistente sem causa aparente

A abordagem dos pacientes com hipereosinofilia persistente pode ser dividida em pacientes assintomáticos e sintomáticos.

Pacientes assintomáticos com investigação negativa devem ser monitorados. Não há necessidade de tratamento neste momento.

Os sintomáticos podem ser enquadrados em três grupos de acordo com o possível fator causal para a eosinofilia: reativo, clonal e idiopático. O tratamento inicial com corticóides é o mesmo para todos os grupos até que exames mais específicos ajudem na diferenciação.

Fluxograma 1
Abordagem à eosinofilia
Abordagem à eosinofilia

O fluxograma 1 resume a abordagem à eosinofilia.

Quando prescrever corticoides e antiparasitários?

Corticoides

O uso de corticoide está indicado em três situações:

  1. Em paciente com quadros graves
  2. Como teste terapêutico inicial em SHE persistente e sintomática
  3. Como primeira linha terapêutica em pacientes com SHE idiopática

Na SHE persistente, a resposta ao corticóide empírico (prednisona 0,5 – 1mg/kg/dia por 7 dias) é uma informação clínica relevante. Naqueles com resposta completa (melhora total das disfunções e redução de eosinófilos), a diretriz pontua que os testes para avaliação de doença clonal podem ser dispensados, já que as doenças clonais são resistentes a corticoides.

Antiparasitários

Não existem estudos que comprovem a eficácia do tratamento empírico de parasitoses na hipereosinofilia. Mesmo assim, a prescrição empírica é recomendada, já que a sensibilidade dos testes diagnósticos para parasitas não é ideal e os medicamentos têm boa tolerabilidade.

Tabela 4
Tratamento de parasitoses
Tratamento de parasitoses

A tabela 4 traz os esquemas de tratamentos de parasitoses.