Será que Tem Evidência?

Bicarbonato na Doença Renal Crônica

Criado em: 22 de Abril de 2024 Autor: Raphael Coelho

Foi publicada em abril de 2024 a diretriz de doença renal crônica do Kidney Disease Improving Global Outcomes (KDIGO) [1]. Não houve recomendação de reposição de bicarbonato de sódio para acidose metabólica por ausência de ensaios clínicos grandes que embasam o uso. Essa mudança revisita a pergunta: será que tem evidência para uso do bicarbonato na doença renal crônica? Este tópico revisa o assunto.

Como evitar a progressão da doença renal crônica?

A estratégia para reduzir a progressão da doença renal crônica (DRC) envolve o controle de comorbidades como hipertensão, diabetes e obesidade, e medicamentos para tratar a nefropatia. O estadiamento da doença renal crônica é utilizado como guia para as recomendações a seguir (tabela 1) [1].

Tabela 1
Estadiamento da doença renal crônica, segundo KDIGO 2024.
Estadiamento da doença renal crônica, segundo KDIGO 2024.

Os principais medicamentos que comprovadamente retardam a progressão da DRC são:

  • iECA ou BRA
  • iSGLT2
  • Finerenona

Um IECA ou BRA é recomendado na maior dose tolerada para pacientes com DRC diabética com albuminúria > 30 mg/g (A2) e DRC não diabética com albuminúria > 300 mg/g (A3). Também são recomendados para todos os pacientes com DRC e albuminúria > 30 mg/g (A2), em menor grau de evidência de benefício.

Os iSGLT2 são recomendados para todos os pacientes com diabetes e DRC com taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) ≥ 20 mL/min/1.73 m². Já para pacientes sem diabetes e com DRC com TFG ≥ 20 mL/min/1.73 m², são recomendados se albuminúria ≥ 200 mg/g ou na presença de insuficiência cardíaca, independente da albuminúria. Com menor grau de evidência, há sugestão do uso para todos os pacientes com TFGe de 20 a 45 mL/min/1.73 m², mesmo sem albuminúria.

A finerenona é sugerida para pacientes com DRC que mantêm albuminúria > 30 mg/g apesar do uso de iECA ou BRA, com TFGe > 25 mL/min/1.73 m² e potássio normal. Mais detalhes no tópico sobre finerenona na nefropatia diabética.

Evidências do uso do bicarbonato de sódio

Em 2021, uma revisão sistemática identificou 15 estudos sobre os efeitos da reposição do bicarbonato em pacientes com DRC [2]. Foi observada lentificação da redução da TFGe com o bicarbonato. A certeza dos achados e a qualidade da evidência foram consideradas baixas. Considerando apenas os estudos controlados com placebo, o benefício não foi encontrado. Dentre os estudos avaliados, dois merecem destaque: UBI e Bicarb.

O UBI foi o maior estudo e avaliou o uso de bicarbonato de sódio para tratamento da acidose metabólica. Foi um ensaio clínico randomizado e aberto com 700 pacientes, porém sem controle com placebo. Houve redução de mortalidade, menor risco de evolução para diálise e menor risco de piora da função renal com o uso do bicarbonato em pacientes com TFGe < 60 ml/min, acidose metabólica e bicarbonato sérico inicial entre 18 e 24 mmol/L. A meta de correção era manutenção do bicarbonato entre 24 e 28 mmol/L [ 3].

O estudo BiCARB foi um ensaio clínico randomizado, cegado e controlado por placebo com análise por intenção de tratar. Esse trabalho avaliou o uso de bicarbonato de sódio na população com mais de 60 anos e TFGe < 60 ml/min, sendo o desfecho primário um instrumento de avaliação do desempenho físico (Short Physical Performance Battery - SPPB). Foram 150 participantes com uma média de idade de 74 anos. Não houve diferença no desfecho primário. Também não houve diferenças em desfechos secundários que incluíram desfechos renais, como piora da TFGe e progressão para diálise, mortalidade e desfechos de qualidade de vida e funcionalidade. Mais eventos adversos foram encontrados no grupo intervenção.

O BiCARB é alvo de algumas críticas. Houve problemas no recrutamento, que foi lento e durou quatro anos. A intervenção atingiu até 3 g/dia de bicarbonato nos pacientes que não atingiram a meta de bicarbonato sérico após três meses com a dose inicial de 1,5 g/dia. Essa dosagem é considerada relativamente baixa, já que o estudo BASE observou que doses maiores (aproximadamente 5 g/dia) foram mais efetivas no controle da acidose do que doses de 3 g [4]. Esses fatores podem ter levado ao resultado negativo do trabalho. Por outro lado, o BiCARB pode ter representado situações mais próximas à realidade, em que doses relativamente baixas são usadas por conta de efeitos colaterais.

Mudanças de 2012 a 2024 no KDIGO

Em 2012, a diretriz de DRC do KDIGO recomendou o tratamento com bicarbonato para pacientes com DRC e acidose metabólica, por considerar um tratamento de baixo custo e com potencial de benefício como adjuvante.

Já na diretriz de 2024, não há mais recomendação do uso de bicarbonato para pacientes ambulatoriais com DRC. O grupo mudou a recomendação por ausência de ensaios clínicos grandes positivos que embasem seu uso. Apesar disso, os autores sugerem que deve ser considerada em pacientes com acidose grave, com potencial complicação clínica (por exemplo, bicarbonato menor do que 18 mmol/L).

Como repor bicarbonato?

A dose inicial é de 0,5 a 1 mEq/kg de bicarbonato por dia, dividido em três tomadas. Um grama de bicarbonato de sódio fornece 12 mEq de bicarbonato, ou seja, deve ser indicado entre 3 a 6 gramas de bicarbonato de sódio para um adulto de 70 quilos. Em situações de poucos recursos, o bicarbonato de sódio de cozinha pode ser utilizado, apesar da evidência se basear em relatos de casos [5, 6]. Meia colher de chá contém 2 gramas de bicarbonato. Assim, uma prescrição possível seria meia colher de chá de bicarbonato de sódio 3 vezes ao dia.

O principal efeito colateral do bicarbonato de sódio é a intolerância gastrointestinal. O citrato de sódio é uma opção nesse caso, por ser melhor tolerado [7]. Outras opções são o acetato de cálcio e o carbonato de cálcio. O veverimer, um ligante do ácido clorídrico que remove ácidos do trato gastrointestinal, está em estudo e ainda não está disponível para uso [8]. Uma dieta rica em frutas e vegetais reduz a acidose metabólica e também é uma forma de tratamento do quadro [9].

Uso de Drogas Vasoativas e Albumina na Cirrose

Criado em: 22 de Abril de 2024 Autor: Lucca Cirillo

Pacientes com cirrose podem ter complicações que necessitam de tratamento com drogas vasoativas (DVA) e albumina. Em janeiro de 2024, a American Gastroenterological Association (AGA) publicou uma atualização sobre o uso de DVA e albumina nesse contexto. Neste tópico são revisadas as recomendações para as principais descompensações de cirrose [1].

Como definir cirrose compensada e descompensada?

Conforme a definição do VII consenso de Baveno, a cirrose ou insuficiência hepática crônica tem três estágios de prognóstico [2]:

  • Cirrose compensada: ausência de complicações clinicamente evidentes;
  • Cirrose descompensada: desenvolvimento agudo de ascite, encefalopatia hepática ou sangramento varicoso;
  • Cirrose com descompensação adicional (tradução do termo further decompensation): desenvolvimento de um segundo evento de descompensação, ascite recorrente (requerendo paracenteses de grande volume, acima de cinco litros), sangramento varicoso recorrente, encefalopatia hepática recorrente, peritonite bacteriana espontânea (PBE), síndrome hepatorrenal (SHR) e/ou icterícia.

A progressão da hipertensão portal e insuficiência hepatocelular causa vasodilatação e um estado circulatório hiperdinâmico. O resultado é uma diminuição progressiva da volemia efetiva e da perfusão renal, levando a complicações.

Drogas vasoativas (DVA) como terlipressina, somatostatina, octreotide e noradrenalina, são empregadas na cirrose para vasoconstringir o leito vascular esplâncnico e reduzir a pressão venosa portal. A albumina endovenosa aumenta a volemia efetiva do paciente e melhora a perfusão renal.

Sangramento varicoso

O sangramento varicoso é a causa mais comum de hemorragia digestiva alta (HDA) em indivíduos com cirrose, responsável por 70% dos casos. Já na população geral, a principal causa é o sangramento por úlcera péptica.

Nos casos de hemorragia varicosa, o uso de DVAs com vasoconstrição esplâncnica reduz as taxas de ressangramento precoce, necessidade transfusional e mortalidade em seis semanas [3]. As DVAs com vasoconstrição esplâncnica podem ser divididas em dois grupos:

  • Somatostatina e análogos (como octreotide);
  • Vasopressina e análogos (terlipressina);

A atualização recomenda o octreotide como DVA de escolha no sangramento varicoso, baseado principalmente no perfil de segurança e efeitos adversos [1]. Parte dessa recomendação vem do fato de que a terlipressina foi recentemente aprovada pela Food and Drug Administration no mercado norte-americano, e não incluiu o sangramento varicoso como indicação na liberação.

A terlipressina é contra-indicada em pacientes que se apresentem com hipoxemia ou piora de sintomas respiratórios, bem como doença arterial obstrutiva em atividade (coronariana, mesentérica ou periférica). Os principais eventos adversos envolvem dor abdominal, náusea, congestão e edema agudo pulmonar, além de hiponatremia. Já o octreotide pode ocasionar disglicemias (tanto hipo como hiperglicemia).

A vasopressina não é mais recomendada no tratamento de sangramento varicoso pelo alto risco de efeitos adversos cardiovasculares.

Um vasoconstritor esplâncnico deve ser usado em todo paciente com cirrose que apresenta HDA, mesmo antes da endoscopia digestiva alta (EDA) confirmar se a origem do sangramento é varicosa. Em até 80% dos casos a DVA consegue conter o sangramento, tornando a hemostasia endoscópica mais fácil [1].

Após a hemostasia com o tratamento endoscópico, a DVA deve ser continuada por dois a cinco dias, para prevenir ressangramento precoce. Não há uma recomendação precisa sobre a duração do tratamento. A decisão deve considerar o risco de sangramento precoce (baseado em achados endoscópicos como sangramento ativo durante o exame, coágulo no cordão varicoso, numerosas ligaduras) e a gravidade da cirrose (baseada no MELD, presença de ascite e alargamento do tempo de protrombina do paciente). O tempo pode ser encurtado para dois dias após a EDA em pacientes com escore de Child-Pugh A ou B sem sangramento ativo identificado na EDA.

Tabela 1
Esquemas terapêuticos de drogas vasoativas no sangramento varicoso
Esquemas terapêuticos de drogas vasoativas no sangramento varicoso

Caso a EDA demonstre uma causa de sangramento não varicoso (como úlcera péptica sangrante), o tratamento com vasoconstritores deve ser descontinuado [3]. A tabela 1 resume os principais esquemas de DVA para sangramento varicoso.

Lesão renal aguda e síndrome hepatorrenal

A causa mais comum de lesão renal aguda (LRA) na cirrose é a hipovolemia [4]. A investigação das causas de LRA nessa população foi detalhada no tópico Lesão Renal Aguda no Paciente com Cirrose. A albumina é o expansor volêmico de escolha no paciente com cirrose, LRA e evidência de depleção do volume intravascular ou hipovolemia. Quando indicada, a administração é realizada como teste terapêutico por 48 horas. Não está indicada para toda LRA, pelo risco de sobrecarga volêmica e complicações como edema pulmonar. A tabela 2 traz as principais recomendações e posologias para administração de albumina.

Tabela 2
Indicações e posologia para administração de albumina no paciente cirrótico
Indicações e posologia para administração de albumina no paciente cirrótico

A ausência de resposta a expansão com albumina é um dos critérios diagnósticos da síndrome hepatorrenal com lesão renal aguda (SHR-LRA). O manejo de SHR-LRA foi revisado no tópico Droga Vasoativa na Síndrome Hepatorrenal.

A atualização recomenda a terlipressina como escolha no tratamento da SHR-LRA [1]. Uma das vantagens da terlipressina é que não necessita de monitorização em UTI e pode ser administrada por via endovenosa em acesso periférico.

A posologia da terlipressina é 1 mg EV, em bolus, a cada seis horas. A dose pode ser titulada para até 2 mg a cada seis horas, caso resposta ineficaz da melhora da função renal (queda < 30% da creatinina no quarto dia de tratamento).

Ascite e peritonite bacteriana espontânea

A administração de albumina no contexto de ascite e PBE é recomendada nas seguintes situações [1]:

  • Paracentese de grandes volumes (mais de cinco litros de líquido ascítico);
  • Paracentese de qualquer volume em pacientes com ACLF;
  • Presença de PBE, como prevenção de LRA.

A administração de albumina após a paracentese visa prevenir o desenvolvimento de LRA e equilibrar os efeitos hemodinâmicos da retirada de volume. Em pacientes com ACLF (ou seja, disfunção orgânica ativa) esses efeitos podem ser exacerbados mesmo com paracentese menor que cinco litros, justificando a reposição de albumina [5].

Pacientes com PBE tem risco aumentado para desenvolver ou agravar um quadro de LRA, podendo evoluir para SHR-LRA mesmo após a resolução da PBE. O risco é maior naqueles com bilirrubina total > 4 mg/dL ou LRA no momento do diagnóstico (creatinina > 1,0 mg/dL e ureia > 30 mg/dL). A albumina está indicada no momento do diagnóstico da PBE, para prevenção de LRA e diminuição de mortalidade, com maior benefício para pacientes ictéricos ou com LRA.

Os principais eventos adversos da terapia com albumina envolvem sobrecarga volêmica, principalmente durante a infusão, podendo ocasionar edema pulmonar. Reações alérgicas, como rash cutâneo, prurido, hipertermia e anafilaxia podem ocorrer, mas são raros.

Profilaxia de Sangramento Gastrointestinal Durante a Internação

Criado em: 22 de Abril de 2024 Autor: Joanne Alves Moreira

O sangramento gastrointestinal é uma complicação frequente em pacientes hospitalizados, sendo a úlcera de estresse uma causa relevante de morbimortalidade em pacientes críticos. Este tópico aborda a incidência, fatores de risco e indicações de profilaxia de úlcera de estresse.

Incidência e fatores de risco de úlcera de estresse

Úlcera de estresse é uma ulceração do trato gastrointestinal (TGI) superior (esôfago, estômago e duodeno) que acontece devido à hospitalização e pode causar sangramento. Esse tipo de sangramento é considerado secundário, já que não é o motivo inicial da internação. O sangramento é caracterizado como primário quando é o motivo direto da internação hospitalar; este sangramento não será abordado neste tópico [1].

Na úlcera de estresse, o acometimento da mucosa gástrica é difuso, e ela pode ser classificada conforme as manifestações clínicas (tabela 1) [1].

Tabela 1
Classificação de úlcera de estresse (UE)
Classificação de úlcera de estresse (UE)

Essa complicação ocorre principalmente em pacientes de UTI. Estima-se uma incidência maior que 75% de úlcera de estresse assintomática em pacientes críticos sem profilaxia adequada. Quando as úlceras de estresse são sintomáticas, as taxas das manifestações são: sangramento oculto em 15% a 50%, sangramento evidente em 1,5% a 8,5% e sangramento clinicamente significativo em até 3% [2].

Ventilação mecânica invasiva por mais de 48 horas e coagulopatia (INR > 1,5, TTPA duas vezes o valor de controle ou plaquetas < 50.000/mm³) são fatores de risco maiores independentes para sangramento clinicamente significativo por úlcera de estresse [3]. Outros fatores de risco associados a sangramento clinicamente significativo estão na tabela 2. O uso de corticoides, infecção por Helicobacter pylori e nutrição parenteral são situações sem evidências robustas de associação com risco de sangramento em pacientes críticos [3-6].

Tabela 2
Fatores de risco para sangramento clinicamente significativo por úlcera de estresse
Fatores de risco para sangramento clinicamente significativo por úlcera de estresse

Os inibidores de bomba de prótons (IBP) são a classe de escolha para a prevenção de úlcera de estresse.

Profilaxia de úlcera de estresse em pacientes críticos

A ventilação mecânica invasiva por mais de 48 horas e coagulopatia são os fatores de risco com maior evidência de indicação de profilaxia para úlcera de estresse. O British Medical Journal (BMJ) inclui a hepatopatia crônica como fator de alto risco para sangramento clinicamente significativo [7]. Os demais fatores de risco estão disponíveis na tabela 2.

A ocorrência de sangramento importante está associada a um maior tempo de internação na UTI (acréscimo de 4 a 8 dias) e um aumento de mortalidade [8]. A eficácia da profilaxia em evitar desfechos maiores como mortalidade é debatida. O estudo SUP-ICU comparou o uso de pantoprazol com placebo como profilaxia de úlcera de estresse. Foi observada redução de sangramento clinicamente significativo, mas sem redução de mortalidade em 90 dias [9]. Uma metanálise de 2017 também encontrou redução de sangramento com uso de IBP quando comparado ao placebo ou ausência de profilaxia [10].

Além dos riscos inerentes mesmo com o uso por curtos períodos, evidências recentes apontam que muitas vezes o IBP é deixado na prescrição após a alta, o que pode estar relacionado a mais efeitos adversos [11].

Profilaxia de úlcera de estresse em pacientes não críticos

Estudos com pacientes clínicos com comorbidades mostram baixas taxas de incidência de sangramento em pacientes não críticos. As evidências de benefício são mais fracas nesse cenário [12].

Considerando o baixo risco de sangramento dessa população e as preocupações quanto ao uso de IBP, a Sociedade de Medicina Hospitalar, em geral, não recomenda a prescrição de IBP para profilaxia de sangramento em pacientes internados não críticos [13]. Pode-se considerar o benefício do uso em pacientes com fatores de risco (tabela 2), especialmente quando em uso de anticoagulantes.

Preocupações com inibidores de bomba de prótons na profilaxia de sangramento

O uso de IBP foi associado ao aumento do risco de pneumonia nosocomial. Uma metanálise recente encontrou maior risco desse desfecho em pacientes críticos, porém os estudos apresentavam pouco controle dos confundidores [10]. Em pacientes não críticos, um estudo observacional também encontrou essa associação [14, 15].

Estudos observacionais também encontraram aumento de risco de infecção por Clostridioides difficile em pacientes em uso de IBP por alteração da microbiota intestinal. O SUP-ICU não mostrou aumento de incidência de infecção por C. difficile, porém com baixo poder para avaliar esse desfecho [9, 16-18].

Uma coorte alemã publicada em fevereiro de 2024 avaliou as taxas de morbidade, nova hospitalização e mortalidade em pacientes admitidos em UTI e com uso inadequado de IBP após alta hospitalar [11]. A coorte dividiu os pacientes em dois grupos: sem IBP após a alta e aqueles com IBP oito semanas após a alta. O critério de inclusão envolvia não ter indicação de IBP previamente à hospitalização. Entre os avaliados, 41% permaneceram utilizando IBP sem indicação formal. A persistência do IBP foi associada com maior risco de hospitalização e maior mortalidade em dois anos. Apesar de a causalidade entre exposição e desfecho pode ser passível de questionamento, o estudo reforça a vigilância ativa na desprescrição de IBP antes da alta (veja mais no tópico sobre desprescrição de IBP).