O ânion gap é um valor calculado que reflete a diferença entre os cátions e ânions medidos no sangue, sendo parte da interpretação de distúrbios ácido-básicos. É importante na avaliação da acidose metabólica, ajudando a diferenciar entre a acidose metabólica com ânion gap elevado e a acidose metabólica com ânion gap normal (acidose hiperclorêmica). A fórmula para calcular o ânion gap é AG = [Na+] - ([Cl-] + [HCO₃-]), onde Na+ é a concentração de sódio, Cl- é a concentração de cloreto, e HCO₃- é a concentração de bicarbonato.
Os valores normais para o ânion gap podem variar, mas uma faixa de referência comumente aceita é de 10 a 18 mmol/L.
Um ânion gap aumentado na acidose metabólica sugere a presença de ânions não medidos, que são tipicamente ácidos orgânicos como lactato, cetoácidos ou toxinas. Isso acontece em condições como acidose láctica, cetoacidose diabética e ingestão de substâncias como metanol ou etilenoglicol.
Ânion gap diminuído é menos comum e pode estar associado à hipoalbuminemia, já que a albumina é um importante ânion não medido. Outras situações de ânion gap reduzido são os casos de mieloma múltiplo ou intoxicação por lítio.
O ânion gap pode ser corrigido quando os níveis de albumina estiverem baixos. Para corrigir o ânion gap para hipoalbuminemia, ânion gap ajustado = ânion gap observado + 0,25 x ([albumina normal] - [albumina observada]), onde as concentrações de albumina estão em g/L. Se as concentrações de albumina forem dadas em g/dL, o fator é 2,5.
Na alcalose metabólica, o ânion gap é geralmente normal, a menos que haja uma acidose metabólica concomitante, sugerindo um distúrbio misto ácido-base. Nesse contexto, a razão delta ânion gap/delta bicarbonato pode ser usada.