Cintilografia de Tireoide e Radiocaptação de Iodo (RAIU)

A “cintilografia de tireoide” e a “radiocaptação de iodo” (RAIU, do inglês Radioactive Iodine Uptake) costumam ser mencionadas em conjunto ou confundidas, pois fazem parte dos exames nucleares utilizados para avaliação da função e da anatomia da tireoide. Apesar de serem relacionadas e frequentemente realizadas ao mesmo tempo, são exames diferentes.

Cintilografia da Tireoide

Definição: exame de imagem que avalia a distribuição de um radiofármaco (geralmente iodo ou tecnécio) na tireoide. A radiação emitida pelo traçador é detectada, gerando um “mapeamento” da glândula.
Objetivo: investigar como diferentes regiões da tireoide estão funcionando. Permite identificar áreas “quentes” (hipercaptantes), “frias” (hipocaptantes) e padrões difusos de captação, auxiliando no diagnóstico de nódulos tireoidianos e na etiologia do hipertireoidismo.
Aplicação: diferenciação de nódulos “quentes” e “frios”, avaliação da topografia da tireoide (ex.: lobo acessório, tecido ectópico) e determinação de padrões de captação em doenças como doença de Graves ou bócio multinodular tóxico.
 

Radiocaptação de Iodo (RAIU)

Definição: medir quantitativamente a fração de iodo radioativo captado pela tireoide em intervalos específicos (2 h, 6 h, 24 h).
Objetivo: Avaliar a função tireoidiana de forma global, determinando o percentual de iodo absorvido pela glândula. Auxilia a diferenciar hiperfunção tireoidiana (alta captação) de quadros em que a glândula não está produzindo hormônios (baixa captação, como na tireoidite).
Aplicação: diagnóstico diferencial de hipertireoidismo (por exemplo, Graves vs. tireoidite subaguda) e planejamento de dose para terapia com iodo radioativo (hipertireoidismo ou câncer de tireoide).
 

Terminologia

Apesar de diferentes, os exames podem ser combinados. A cintilografia foca na imagem e na distribuição do traçador pela tireoide, enquanto a RAIU (captação) foca na quantidade em porcentagem do traçador que a glândula absorve ao longo do tempo. Os laboratórios podem relatar como “Cintilografia com captação da tireoide” ou “Scan de tireoide com RAIU”, dando a entender que foram obtidos tanto a imagem (mapeamento) quanto os valores de captação em porcentagem, conforme o protocolo do serviço. 


Referências:

  1. Ross DS, Burch HB, Cooper DS, Greenlee MC, Laurberg P, Maia AL, Rivkees SA, Samuels M, Sosa JA, Stan MN, Walter MA. 2016 American Thyroid Association Guidelines for Diagnosis and Management of Hyperthyroidism and Other Causes of Thyrotoxicosis. Thyroid. 2016.
  2. Giovanella L, Avram A, Clerc J. Molecular Imaging for Thyrotoxicosis and Thyroid Nodules. J Nucl Med. 2021.

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